ZEZA AMARAL

A Caixa de Pandora

Zeza Amaral
12/04/2015 às 05:00.
Atualizado em 23/04/2022 às 16:45
ig-zeza-amaral (AAN)

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É fato que o Brasil vive um momento histórico de avanço democrático. Muito além dos movimentos sociais espontâneos que já se fizeram presentes no recente e histórico 15 de março último, assoma-se agora a diminuta manifestação de organizações sociais amparadas pelo governismo petista, sindicatos, associações e uma central sindical movida por interesses corporativistas, embora se reconheça o direito democrático de todos se manifestarem, o que, é claro, em nada se difere do chulo clássico jus sperniandi. Pouco menos de alguns milhares de militantes partidários e sindicalistas foram às ruas defender a irresponsabilidade administrativa que se abateu sobre a Petrobras, senão o maior patrimônio do povo brasileiro. Há algo perdido entre a razão partidária e o respeito que todos devemos constitucionalmente às leis e aos fatos devidamente apurados, que, infelizmente, detalham o quanto é frágil a natureza política e empresarial a que se são submetidos os contribuintes brasileiros. Não é o caso de se perguntar por quem os sinos dobram porque eles dobram por todos nós, como assim escreveu Ernest Hemingway. Devemos entender as razões dos conflitos políticos com a parcimônia da informação, seja através dos jornais, dos amigos, ou dos parentes em convescotes domésticos. É salutar amassar panelas democráticas e, muito mais, que os aliados e governistas entendam que a voz da democracia vem do povo e não da soberba política de quem quer que seja. A indignação está à mesa do banquete dos velhos coronéis da política brasileira. Resta saber se estarão com aquele mesmo apetite secular ou se farão jejuar diante do altar que ora o povo ergue em nome da democracia, contra o roubo do erário, contra a impunidade. O fato é que eles acordaram Pandora. E dela devemos esperar tudo. É quase consenso na crônica do jornalismo republicano que uma Comissão Parlamentar de Inquérito, CPI, tem um início que jamais alguém possa saber o desfecho. E bem sabemos, por alguns exemplos jurídicos determinantes para a prisão de próceres petistas por ocasião do mensalão, que tudo se espraia aos mendazes líderes petistas. Portanto, no momento, eles nada se aclaram. Pelo contrário, jogam areia e fazem fumaça para que a vontade republicana não saia às ruas e avenidas brasileiras. E inventam movimentos contrários, em esvaziadas passeatas corporativistas. Não há tempo mais para incompetências políticas; para aventureiros forrarem seus bolsos com os pobres votos de esperançosos brasileiros. É chegada a hora de o bom povo trabalhador e ordeiro votar em quem quer que seja, voto distrital magnânimo; naquele em que realmente confia e sabe onde mora, do que faz da vida, do jeito que leva a sua vida, como paga as suas contas, como educa seus filhos e trata seus familiares e próximos. E aí não é questão de Bolsa Família, de bolsa disso e daquilo, mas de bom senso, de uma atitude política que realmente recompense meritoriamente os filhos dos pais trabalhadores de uma ação política que proteja e incentive a educação básica e profissional dos filhos brasileiros que chegam e sempre estão chegando para fazer a honra do trabalho honesto a marca da civilização democrática, livre e constitucional. E essa gente são 200 milhões de gente ordeira, gente de trabalho e que gosta de estudar, de produzir e fazer o País seguir em frente. O fato é que a presidente Dilma Rousseff, infelizmente, e isso é dito em nome da Constituição, já não mais governa a nós todos. E vai o Brasil, de novo, às ruas para pedir respeito político ao seu anseio político; o Brasil que está em cada um dos brasileiros que clamam por respeito constitucionais, que pede por moralidade política e, sobretudo, que se faça cumprir o que determina a lei. Líderes políticos são pequenas chamas que se exaurem diante de suas próprias incompetências políticas; e a gente de um país é quem determina qual é a hora de um acerto de contas. Panelas amassadas são apenas o início de um acerto do relógio da democracia. E bem sabem os mendazes políticos que os bons brasileiros estão acertando as horas do velho relógio republicano. Eles abriram a Caixa de Pandora. E, assim, eles que se lasquem pela soberba política. Bom dia.

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