A bebida das emoções singelas

Recebo a boa notícia de que o livro Vinho é Saúde – 50 Respostas Para Entender Por Que a Bebida de Baco Pode Fazer Bem, do cardiologista Jairo Monson de Souza Filho, foi eleito como o melhor do mundo na categoria Drinks & Health, pelo Gourmand Awards. A associação de vinho com saúde é antiga, muito antiga, milenar até. E, à luz do século 21, pipocam mundo afora pesquisas e mais pesquisas confirmando os inúmeros benefícios da bebida, desde auxiliar no emagrecimento até atuar no controle do colesterol e no alívio do estresse, além de outras “moléstias” modernas. Neste espaço mesmo, o assunto sempre retorna. Mas, hoje, vou deixar o resveratrol, os taninos e outros polifenóis, substâncias poderosas do vinho, de lado, para lembrar de um benefício também importante e pouco citado pela ciência. O vinho faz bem para o coração, não o órgão que está fazendo tum-tum no peito, pois desse a medicina se encarrega de explicar. Estou falando do estado de espírito, do humor, da inspiração, da felicidade, enfim, conceitos poeticamente associados ao coração-metáfora-da-alma. Sim, porque o vinho compartilhado ou a sós, em comemoração ou apenas pra relaxar, acompanhando uma refeição ou para bebericar à toa, é sempre uma companhia incrível. E nem todos que amam a bebida a veem como fonte de conhecimento cultural, técnico, sensorial etc, como ocorre a muitos enófilos. Tem gente que a aprecia apenas para ser feliz. E eu tenho uma simpatia imensa por esses. Há umas duas sextas-feiras, entrei por impulso no Café Filosófico da CPFL e me diverti ao ver a psicóloga, poetisa e filósofa Viviane Mosé, num momento descontraído de sua palestra, pedir mais vinho “para inspirar.” Identifiquei-me com a forma desencanada e solta com que ela ergueu a taça diante da culta plateia, não para verificar as lágrimas, o halo de envelhecimento ou a intensidade da cor, mas simplesmente para externar sua admiração pela bebida. Um gesto muito distante dos especialistas formados em cursos de degustação, mas igualmente genuíno. E não tenho dúvida: vinho faz muito bem para o corpo e faz muito bem para a mente, como os antigos já sabiam. Diria até que é a bebida das emoções singelas. Saúde!