JOGO RÁPIDO

A alegria de vencer e o medo de perder

Coluna publicada na edição de 10/11/18 do Correio Popular

Carlo Carcani Filho
10/11/2018 às 00:02.
Atualizado em 05/04/2022 às 20:56

Em janeiro de 2017, a Conmebol anunciou uma mudança importante no regulamento da Copa Libertadores. Desde a edição do ano passado, não é mais obrigatório que dois times do mesmo país se cruzem obrigatoriamente na semifinal. A regra antiga tinha o objetivo de forçar finais com times de países diferentes e foi adotada depois que o futebol brasileiro fez duas decisões caseiras seguidas, com Atlético-PR x São Paulo (2005) e São Paulo x Internacional (2006). A mudança na regra já gerou uma final com times do mesmo país logo em sua segunda edição. E que final. Os arquirrivais Boca Juniors e River Plate começam a disputar hoje, na lendária Bombonera, um duelo de repercussão mundial. Não que Izquierdoz, Pavón, Villa, Pinola, Martínez e Lucas Pratto sejam craques capazes de atrair a audiência mundial, como acontece quando estrelas do porte de Buffon, Sérgio Ramos, Piqué, Modric, Iniesta, Cristiano Ronaldo, Neymar, Griezmann e Messi entram nos mais famosos gramados da Europa. O que atrai a atenção do planeta para a partida de hoje é a paixão das duas torcidas por suas equipes. É a intensa e indescritível rivalidade entra Boca e River que chama a atenção de fãs do futebol de qualquer canto do globo. Não importa para quem você torce ou onde vive. Quem tem um mínimo interesse por futebol também vai querer saber o desfecho da batalha de Buenos Aires. Muricy Ramalho fez uma ótima definição para inédita decisão de 2018. O ex-treinador, hoje comentarista, afirmou que o campeão da Libertadores sentirá mais alívio do que alegria ao erguer a taça. Nada mais verdadeiro. É evidente que o campeão vai comemorar como nunca, mas para todos os envolvidos em um clássico como esse — torcedores, jogadores, técnicos e dirigentes — o medo de ver o rival ser campeão é muito maior do que a alegria da conquista da taça em si. Dentro de campo, considero o time do River Plate um pouco melhor. Mas essa teórica e pequena vantagem desaparece em uma decisão de Libertadores. O futebol do Boca melhorou muito nos últimos meses e é impossível fazer qualquer previsão. Serão 180 minutos de muita intensidade e a taça ficará nas mãos daquele que conseguir ser mais eficiente e frio nos momentos mais quentes da grande final. O mundo do futebol estará de olho em Buenos Aires. E caberá a jogadores, técnicos e torcedores a missão de protagonizar apenas um grande espetáculo. Que nada parecido com a vergonha que manchou as oitavas de final da Libertadores de 2015 se repita hoje ou no dia 24.

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