CARLO CARCANI

A absurda dívida do Santos com Muricy

Carlo Carcani
30/04/2015 às 21:27.
Atualizado em 23/04/2022 às 15:07

Entre outras tantas, o Santos tem uma dívida de R$ 1,3 milhão com Muricy Ramalho, originada pela quebra de contrato do treinador em maio de 2013. A demissão. totalmente desnecessária, mostra de forma clara como dirigentes do futebol brasileiro agem de forma inconsequente na administração dos clubes.   Quando deixou a Vila Belmiro, Muricy fez um acordo para receber R$ 3 milhões. As primeiras parcelas foram pagas, mas, depois, o clube deixou de cumprir o combinado e o caso foi parar na Justiça. A área do CT Meninos da Vila já foi penhorada, mas os advogados do treinador tentam receber o valor restante de forma mais rápida. O treinador, porém, negou que a renda da final do Paulistão será bloqueada. Ele disse que isso não foi solicitado por seus advogados e que a notícia teria sido plantada para tumultuar o ambiente na Vila Belmiro.   Do ponto de vista administrativo, a demissão de Muricy foi uma aberração. Campeão da Libertadores de 2011, bicampeão paulista de 2011 e 2012 e vice-campeão estadual em 2013, Muricy foi demitido no início do Brasileirão depois de duas temporadas vitoriosas. O time não praticava um futebol encantador, mas não havia motivo nenhum para demitir um dos melhores treinadores do País, assumir uma dívida de R$ 3 milhões e ter ainda que gastar com outro técnico.   A diretoria tem o direito de considerar o trabalho insatisfatório e tentar melhorar a performance do time com outra comissão técnica. Mas isso só deveria ser feito ao final do contrato, sete meses depois. Sem pagamento de multa, sem ter que pagar dois treinadores ao mesmo tempo, sem gastar o dinheiro que, como se vê, o clube não tinha.   Mas como no Brasil dinheiro de clube não tem dono, os dirigentes tomam decisões irresponsáveis. É por isso que um clube como o Santos, que recentemente vendeu Felipe Anderson e Neymar para o futebol europeu, não consegue manter os salários em dia.   Mesmo em dificuldades financeiras, o clube foi buscar Leandro Damião — um centroavante que vinha de duas temporadas muito ruins — por inacreditáveis R$ 42 milhões. E por aí vai.   O sistema de gerenciamento do futebol brasileiro precisa mudar rapidamente porque os danos causados aos clubes no modelo atual são enormes.   Nenhuma empresa minimamente séria demitiria Muricy como o Santos fez. Foi uma decisão caríssima e inútil, já que o clube gastou uma fortuna com a multa, contratou outro treinador e terminou em 7º lugar no Brasileiro, com 19 pontos a menos do que o campeão Cruzeiro. Mas quem se importa?

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