Publicado 16/02/2021 - 16h35 - Atualizado 16/02/2021 - 16h43
Por Chef Manuel Alves Filho

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Rodrigo Brigagão: pimentas podem e devem ser exploradas
Se você está entre as pessoas que não gostam de pimenta, por favor, capitule. A menos que você apresente alguma séria restrição alimentar, saiba que este tempero, condimento ou especiaria não somente tem um destacado valor na história da humanidade, como é capaz de elevar um prato à sua melhor condição, além de proporcionar alguns importantes benefícios à sua saúde. Contam os relatos históricos que a paixão do homem pelas especiarias, a pimenta-do-reino incluída, é que deu origem às chamadas rotas das especiarias, caminhos marítimos que possibilitavam o comércio de ingredientes aromáticos entre a Ásia e a Europa.
Durante as navegações em busca dessas preciosidades é que foi “descoberto” o Novo Mundo, onde também está o Brasil. Com certo exagero, é possível inferir que se não fosse o poder de atração da pimenta, na companhia luxuosa do cravo-da-índia, do gengibre e do açafrão, o país não teria sido colonizado e você, caro leitor, não estaria degustando esta coluna.
Se este argumento não foi suficiente para convencê-lo a tornar a pimenta uma presença frequente na sua dieta, aqui vai mais uma informação preciosa. Esse condimento tem propriedades que proporcionam inúmeros benefícios à saúde. Primeiro, é termogênico, ou seja, acelera o metabolismo e favorece a digestão. Segundo, as pimentas do gênero capsicum - o mais comum no Brasil e ao qual pertence a malagueta - são ricas em vitaminas A, E e C, além de ácido fólico, zinco e potássio. Juntas, essas substâncias ajudam a retardar o envelhecimento das células e contribuem para a liberação de endorfina, o hormônio do prazer.
Isso sem falar que a capsaicina, substância responsável pelo ardume das pimentas, tem ação anti-inflamatória e analgésica. Vale ressaltar, ainda, que a pimenta não causa hemorroida ou gastrite. Obviamente, as pessoas que apresentam esses problemas devem evitar o consumo exagerado do condimento. Por último, é indispensável destacar o valor que a pimenta tem na gastronomia. Em diversas situações, ela assume a condição de alma de um prato, como bem sabem os mexicanos, chineses e tailandeses. No Brasil, tal princípio também é verdadeiro. Ou você é capaz de imaginar uma suculenta moqueca sem um generoso toque de picância?
NOME DELICADO, ARDÊNCIA RUDE

Entre as variedades usadas por Brigagão estão desde as mais conhecidas pelo público brasileiro, como a dedo-de-moça, a malagueta e a comari, até algumas pouco consumidas no país, mas que são famosas no mundo todo, como a Carolina Reaper, classificada como a “mais quente do mundo”.
Segundo Brigagão, cada pimenta, independentemente da ardência, apresenta características próprias, que podem e devem ser exploradas. “Muitas vezes, o segredo está na quantidade empregada. Outras, na combinação com os demais ingredientes de um prato. Aliás, embora o consumo de pimenta no Brasil ainda seja pequeno, ele está crescendo. Atualmente, esta especiaria não é usada somente na culinária salgada. Ela também está presente na coquetelaria e na confeitaria. A Murú, por exemplo, fornece pimentas para duas cervejarias artesanais de Campinas, que as utilizam na formulação de suas cervejas. O resultado são bebidas muito saborosas e equilibradas”, conta Brigagão.