XEQUE-MATE

27 anos de impunidade

Jary Mércio
18/04/2023 às 09:32.
Atualizado em 18/04/2023 às 09:33
Massacre de Eldorado dos Carajás, que aconteceu no dia 17 de abril de 1996, no Pará (João Roberto Ripper/Imagens Humanas)

Massacre de Eldorado dos Carajás, que aconteceu no dia 17 de abril de 1996, no Pará (João Roberto Ripper/Imagens Humanas)

O vereador Paulo Bufalo (PSOL) protocolou, na Câmara de Campinas, moção de protesto contra a impunidade dos envolvidos no massacre de Eldorado dos Carajás, que aconteceu no dia 17 de abril de 1996, no Pará. Naquele dia, trabalhadores rurais ligados ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) faziam um protesto pela reforma agrária e ocupavam parte na rodovia PA-150, em um ponto conhecido como “Curva do S” no município de Eldorado dos Carajás. Durante uma ação da Polícia Militar para reprimir a manifestação, 19 trabalhadores foram assassinados no local e diversas vítimas foram feridas gravemente e levadas ao hospital. Posteriormente duas delas faleceram.

Intervenção violenta 

Na ocasião, cerca de 1.500 trabalhadores rurais estavam acampados na região, junto a outros manifestantes do MST, e seguiam em marcha de Curionópolis até Belém do Pará, pela rodovia estadual PA-150, reivindicando a desapropriação da fazenda Macaxeira. “Há notícias de que à época existiam tratativas com o governo do estado de negociar com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e com os demais órgãos federais que atuam na questão agrária, mas as forças policiais atuaram com a violenta desobstrução”, diz Paulo Bufalo.

FRASE

"A impunidade dos criminosos, como se deu no caso de Eldorado do Carajás, incentiva a continuidade da violência"

Paulo Bufalo (PSOL), vereador de Campinas

Dois condenados

Dos 19 mortos no local, oito foram assassinados com seus próprios instrumentos de trabalho, foices e facões, os outros 11 foram alvejados com 37 tiros. A polícia matou camponeses com tiros na nuca e na testa, sinal de que foi mesmo uma execução. Dos 155 policiais denunciados, somente os comandantes das duas tropas da operação policial, o coronel Mario Colares Pantoja, que comandava a tropa de Marabá e o major José Maria Pereira Oliveira, que comandava a tropa de Parauapebas, foram condenados, o primeiro a 280 anos de reclusão e o segundo a 158 anos de reclusão. 

153 absolvidos

Os demais 153 policiais militares foram absolvidos, ainda que vários dos policiais que atuaram no caso estivessem sem identificação e com armas retiradas do quartel sem assinatura das cautelas das armas, e ainda utilizaram armas particulares para executarem as vítimas, o que não é permitido perante a lei. “Este trágico e triste acontecimento marcou a necessidade de combate à violência de conflitos agrários no país, especificamente, em ações policiais de violência”, disse Bufalo em sua moção. “A impunidade dos criminosos, como se deu no caso de Eldorado do Carajás, incentiva a continuidade da violência”, reforçou o vereador.

Área para o Deinter 

A Câmara de Campinas aprovou em caráter definitivo e por unanimidade, na noite de segunda-feira, doprojeto de lei do executivo que consolidou a doação de uma áreas pública para a construção de uma nova sede da Polícia Civil do Estado de São Paulo-Deinter 2. “A área cedida possibilitará que o Deinter 2 se instale com uma infraestrutura mais adequada e automaticamente trará mais segurança para a região. Tanto a Polícia Civil quanto a população ganham com isso”, disse o vereador Paulo Haddad (Cidadania), líder de governo na Câmara.

Chico com Lupi

Francisco Soares de Souza, o Chico Frentista, presidente do Sindicato dos Frentistas de Campinas e região foi recebido nesta segundafeira por Carlos Lupi, ministro da Previdência, no Rio de Janeiro. Os entraves à aposentadoria especial dos frentistas foram o tema da audiência, organizada pela Federação Nacional da categoria, a Fenepospetro, da qual Chico é vice-presidente. Mas também sobrou tempo para um dedo de prosa sobre a política local. Presidente nacional do PDT, Lupi nasceu em Campinas e tem familiares na cidade.

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