A situação que se encontra o governo não é nada invejável e de seu presidente, ainda menos. Nestes cem dias pesquisas indicam uma perda sensível de apoio e derrotas significativas no Congresso. A imagem de descontrole governamental reflete na economia e os indicadores para o fim de ano cada dia são revisados para pior. Todos os problemas que teve o governo até o momento têm origem no próprio núcleo governamental e, na maioria dos casos, nas atitudes do próprio Presidente ou de seus filhos. A reforma da previdência, de cuja aprovação depende a recuperação do país, não anda devido a dubiedade de comportamento de Jair Bolsonaro de não se empenhar na sua aprovação ou muitas vezes contradizendo seu próprio Ministro. Num esforço de fazer andar a reforma o Ministro da Economia Paulo Guedes apoiado pelo presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia compareceu à Câmara no último dia 03 de abril. O que se viu foi um Ministro sem apoio da bancada governista e torpedeado pela oposição comandada pelo PT, que mais uma vez, demonstrou que aposta no caos e não pretende debater seriamente a reforma que, caso não se concretize, impossibilita o desenvolvimento do país, colocaria em risco as próximas gerações. Não vale a pena recordar, como já o fizemos neste espaço, as bobagens ditas ao longo destes cem dias de governo, mas as últimas são pérolas que demonstram o despreparo dos atuais mandatários do país que com raras exceções expressam uma ideologia retrógrada desprezando o conhecimento acumulado ao longo do tempo e consolidado por pesquisas realizadas com a máxima seriedade, confirmado pelas mais diversas correntes da sociedade. Essas pérolas, que são a ponta do iceberg da ignorância, foram ditas pelos Ministros da Educação e das Relações Exteriores e causaram enorme repercussão dentro e fora do país. Não por acaso foram indicados pelo pensador conservador Olavo de Carvalho que tem na Idade Média a referência de organização da sociedade. O Ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo afirmou que o fascismo e o nazismo foram correntes políticas de esquerda. Tal afirmação feita por estudante de ensino superior em qualquer universidade do planeta causaria estupor no professor da disciplina e em seus colegas. Se escrita numa avaliação certamente o aluno seria reprovado. Não é surpresa, portanto, a repercussão internacional que teve tal afirmação, sem nenhum sentido, sem nenhuma prova, contrariando todas as pesquisas realizadas e livros publicados sobre o assunto. O ministro envergonhou o país e expos de forma avassaladora a situação em que se encontra nossa educação. Por sua vez, o Ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodrigues, procurando se manter no cargo, revela-se mais realista que o rei declarando no último dia 03 de abril que não houve golpe, nem tampouco ditadura e defendeu que essa visão conste nos livros didáticos. Essa abordagem é defendida abertamente por Jair Bolsonaro e seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro ,e contradiz historiadores, testemunhas e torturados durante a dura repressão do período. A educação é um caso a parte no governo Bolsonaro. Área que o país mais necessita para desenvolver-se e atingir patamares civilizatórios mais aceitáveis, o ministério está entregue a um ministro que até agora não soube administrar os conflitos em sua própria pasta entregue à disputa ideológica entre olavistas e militares e mais recentemente a bancada evangélica. Em cem dias no cargo não apresentou propostas concretas para a educação perdendo-se em questões menores de pouco ou nenhum significado prático. Esses são apenas alguns elementos que mostram um governo perdido, em que ministros respeitados como Paulo Guedes e Sergio Moro não encontram apoio para suas propostas. A ideologia do grupo bolsonarista vai se impondo gradativamente e indica graves problemas de governabilidade que podem inviabilizar o governo num prazo curto. Resta à sociedade, mais do que nunca, resistir em todas as frentes contra o retrocesso, sem se deixar levar pelos amantes do caos, que buscam colher frutos do desastre para impor novamente suas propostas que nos trouxeram a essa trágica situação.