XEQUE-MATE DA ECONOMIA

Reunião do Copom

Estéfano Barioni/[email protected]
07/05/2024 às 15:08.
Atualizado em 07/05/2024 às 15:10
 (Valter Campanato/Agência Brasil)

(Valter Campanato/Agência Brasil)

Hoje o Comitê de Política Monetária inicia a sua terceira reunião deste ano, na qual decidirá o novo nível da taxa básica de juros. Como sempre, a reunião acontecerá em dois dias e a decisão só será divulgada amanhã, no final da tarde. O mais provável, e também o que está sendo amplamente esperado pelo mercado, é um novo corte de 0,5 ponto percentual na taxa de juros, levando a taxa Selic aos 10,25% ao ano.

Redução

O próprio Copom, em sua reunião passada, projetou essa redução como o cenário mais provável para a decisão dessa semana. Assim, a Selic atingirá o nível mais baixo desde janeiro de 2022. Será a sétima redução consecutiva de juros e a sétima redução de mesma magnitude (0,5 ponto percentual) emum processo de alívio do aperto monetário que foi iniciado em agosto de 2023, quando a Selic estava em 13,75% ao ano.

a frase

“Algumas pessoas bebem da fonte do conhecimento, enquanto outras apenas gargarejam.". Robert Anthony, escritor norte-americano.

Custo x Benefício 

A decisão de amanhã é praticamente certa. Se o Copom realizar um corte menor do que o previsto, contrariando sua própria sinalização de 45 dias atrás, isso produziria efeitos bastante negativos nas expectativas de investidores e dos agentes econômicos em geral. É um custo muito elevado pelos eventuais benefícios que uma mudança agora poderia proporcionar. 

Custo x Benefício 2 

Mesmo que se entenda que houve uma piora do cenário econômico (e de fato houve), o mais adequado é realizar o movimento que já havia sido indicado e sinalizar eventuais mudanças na condução da política monetária a partir da próxima reunião, que ocorre no dia 19 de junho, fechando o primeiro semestre. Portanto, a grande expectativa não está em torno da decisão de amanhã, mas da sinalização para o futuro. 

Cenário Externo 

O cenário econômico piorou nos últimos dois meses tanto por fatos externos como pelo ambiente interno. No lado externo, os Estados Unidos provavelmente terão um período mais prolongado de juros altos (atualmente estão a 5,5% ao ano), o que limita as possibilidades de cortes de juros mais audaciosos nos países emergentes. Como os países emergentes são vistos como mais arriscados, precisam oferecer um prêmio na remuneração de seus títulos. 

Dólar 

Quando esse prêmio fica mais baixo, os investidores preferem aplicar nos títulos menos arriscados do tesouro norte-americano. Ocorre uma fuga de capitais para esses títulos, limitando a oferta de Dólares na economia brasileira e fazendo com que o Dólar fique mais caro. Isso aconteceu recentemente e pode acontecer de novo. Em meados de abril, o Dólar passou de um patamar de R$ 5,00 para atingir R$ 5,28 e só depois voltar ao patamar atual, em torno de R$ 5,10. 

Cenário Interno 

No cenário interno, a situação fiscal se tornou mais delicada. O governo tem tido dificuldades em equilibrar suas contas e já abandonou a meta de alcançar um superávit fiscal no ano que vem. Isso pressiona os gastos e a inflação, comprometendo o potencial de crescimento no longo prazo. O governo fica mais dependente de financiamento público, o que já é ruim, mas fica ainda pior em um cenário de juros altos internacionais. 

Curva de Juros 

Com tudo isso, a curva de juros futuros se elevou. Taxas de juros são negociadas em contratos de futuros, assim como commodities. Contrata-se uma taxa futura e, conforme os juros efetivos até o vencimento do contrato variam mais ou menos do que a taxa contratada, o investidor pode perder ou ganhar. Os valores das taxas nos contratos futuros são um indicativo do que omercado espera que aconteça com os juros. 

Expectativa 

A atual curva de juros futuros se elevou e agora tem mostrado recuo na taxa de juros somente até o nível de 10% ao ano, sem qualquer previsão de cortes adicionais. É o que o mercado tem projetado que aconteça: depois do corte de juros de amanhã, o Copom realiza um corte menor em junho, levando a Selic a 10% ao ano e depois disso interrompe o processo de redução da Selic, entrando em modo de espera.

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