Minério de Ferro (ABR)
No Brasil, a exportação de minério de ferro é frequentemente celebrada como uma das grandes forças da nossa economia. Com a Vale liderando o cenário como uma das maiores exportadoras mundiais, a posição da empresa é destacada não apenas pela magnitude de suas operações, mas também pelo seu peso significativo no Ibovespa. Por essa razão, a cotação do minério de ferro é constantemente monitorada, mas os números muitas vezes representam uma falsa bonança.
Valor
No ano passado, o minério de ferro foi o terceiro produto mais exportado pelo país em valor total, ficando atrás apenas da soja e seus subprodutos e dos óleos brutos de petróleo. Porém, apesar de sua importância, o valor agregado desta commodity é surpreendentemente baixo. A cotação atual do minério de ferro gira em torno de US$ 123 por tonelada. Ou seja, bastam aproximadamente R$ 645,00 para comprar uma tonelada de minério de ferro.
FRASE
"Um engano não se torna um erro até que você se recuse a corrigi-lo"
Orlando Battista, cientista canadense
Preço Apesar das oscilações do mercado e dos volumes totais que esse item representa na balança comercial brasileira, o minério de ferro não é nada além de uma matéria-prima básica, cuja exportação gera receitas imediatas, mas que pouco contribui para o desenvolvimento econômico sustentável do país, uma vez que todo o processo de beneficiamento e transformação é realizado fora do país.
Metais
Enquanto as commodities metálicas como alumínio, zinco, cobre e prata estão todas em alta, atingindo os picos de cotação nos últimos doze meses, o minério de ferro não tem seguido esse movimento ascendente. Na realidade, a cotação do minério de ferro atualmente está 24% abaixo do seu valor mais alto atingido nos últimos doze meses. Essa disparidade de desempenho representa uma oportunidade perdida para o país em termos de valorização de seus recursos naturais.
Alumínio
O caso do alumínio é ilustrativo do poder do valor agregado. O preço da bauxita pode variar dependendo da qualidade do minério e do mercado, variando em torno de US$ 30 a US$ 50 por tonelada. A alumina, que é derivada da bauxita e utilizada na produção de alumínio, tem preço mais elevado, variando de US$ 200 a US$ 400 por tonelada. O alumínio, influenciado por fatores como demanda industrial, custos de energia, está com uma cotação atual de US$ 2.660 por tonelada.
Desenvolvimento
A exploração intensiva de minérios no Brasil visa principalmente a exportação de produtos brutos, seguindo um modelo quase colonialista que negligencia o desenvolvimento local e a criação de produtos de maior valor agregado. Assim como a história da Serra do Navio no Amapá, onde a exploração de manganês acabou por deixar apenas danos ambientais e nenhum legado de desenvolvimento local, a trajetória da mineração de ferro corre o risco de repetir os mesmos erros.
Dependência
A dependência de commodities para impulsionar a economia cria vulnerabilidades, pois sujeita o país às volatilidades dos mercados globais. Além disso, a falta de processamento local significa que o Brasil continua vendendo matérias-primas a preços baixos para comprar de volta produtos industrializados a preços muito mais altos, perpetuando um ciclo de dependência econômica.
Investimento
Investimentos em tecnologia e inovação são fundamentais para transformar o setor mineral. Através da industrialização da nossa base mineral, podemos não apenas aumentar o valor agregado dos produtos exportados, mas também gerar empregos qualificados e fomentar o desenvolvimento tecnológico.
Riqueza
Apesar da exportação de minério de ferro continuar a desempenhar um papel importante na economia brasileira, esforços deveriam ser direcionados para apoiar a criação de um setor de processamento mineral robusto no país. Isso não somente diversificaria a economia, gerando mais renda e empregos, como também colocaria o Brasil em uma posição de maior controle sobre sua própria riqueza.