XEQUE-MATE DA ECONOMIA

Inflação

Estéfano Barioni
12/04/2024 às 12:59.
Atualizado em 12/04/2024 às 12:59
Recenseadores do IBGE tentam entrar em condomínio em Campinas para a coleta de dados do Censo 2022, mas, na maioria das vezes, são repelidos pelos moradores desses locais (Divulgação IBGE)

Recenseadores do IBGE tentam entrar em condomínio em Campinas para a coleta de dados do Censo 2022, mas, na maioria das vezes, são repelidos pelos moradores desses locais (Divulgação IBGE)

O IBGE divulgou o resultado da inflação ao consumidor amplo do mês de março. No mês passado, o IPCA apresentou variação mensal de +0,16%, a menor variação mensal dos últimos oito meses, e que também é uma variação bem menor do que a inflação observada em fevereiro (que foi de +0,83%). O valor também veio mais baixo do que as projeções do mercado, que estavam rondando entre +0,20% e 0,23%. 

Acumulado

A variação do IPCA deste último mês de março foi significativamente menor do que a inflação que havia sido registrada em março do ano passado, que foi de +0,71%. Com isso, o IPCA acumulado em doze meses apresenta uma queda importante, recuando mais de 0,5 ponto percentual. O IPCA acumulado passou de +4,50% (registrados em fevereiro) para chegar agora em +3,93% ao ano, nível mais baixo desde junho do ano passado. 

FRASE

“Nem toda mudança é crescimento, pois nem todo movimento é para frente".

Ellen Glasgow, escritora norte-americana

Variações

Em março, dos nove grupos de produtos e serviços que formam o IPCA, cinco tiveram variações positivas, dois apresentaram retração de preços e dois grupos ficaram praticamente estáveis. Os maiores aumentos mensais vieram dos grupos de Alimentação e Bebidas e de Saúde e Cuidados Pessoais. O grupo de Habitação também teve alta acima da média, contribuindo para o resultado do mês. A retração de preços aconteceu no grupo de Transportes. 

Alimentação

O maior impacto no IPCA de março veio do grupo de Alimentação e Bebidas que teve alta de +0,53% no mês, contra um aumento de 0,95% no mês anterior. A alimentação no domicílio, que representa a conta do supermercado, teve alta de +0,59% em março, influenciada pelo aumento no preço de produtos agropecuários como a cebola (+14,3%), o tomate (+9,9%), ovos de galinha (+4,6%) e também pelo aumento do leite longa vida (+2,6%). 

Saúde

A alta no grupo de Saúde (+0,43% no mês) aconteceu pelos reajustes nos planos de saúde (com alta média de +0,77%) e nos produtos farmacêuticos (alta média de +0,52%), especialmente devido a aumentos nos remédios. Entre os medicamentos, se destacaram as altas de antibióticos e anti-infecciosos (elevação de +1,27% no mês), e também dos analgésicos e antitérmicos (alta de +0,55%).

Habitação

O grupo de Habitação teve alta de +0,19%. Apesar de isoladamente não ter sido uma variação tão grande, produziu o terceiro maior impacto no IPCA, pois o grupo de Habitação tem uma participação grande dos gastos familiares. A energia elétrica teve alta de +0,12%, influenciada por reajustes nas tarifas de distribuição no Rio de Janeiro. Por outro lado, nessa semana foi publicada a MP 1212, que incentiva a geração renovável e pretende baratear a contas de luz. 

Transportes

O grupo de Transportes apresentou queda de -0,33% em março, causada pela redução nos preços médios das passagens aéreas, que caíram -9,1%. Os combustíveis, por outro lado, tiveram leve alta, subindo +0,17% na média. Enquanto o etanol teve alta de +0,55% e a gasolina subiu +0,21%, o óleo diesel apresentou recuo de -0,73%, e o GNV teve redução de -2,21%, na medição do IBGE. 

Redução

A queda da inflação no acumulado dos últimos doze meses é uma boa notícia, há muito tempo aguardada. Embora o patamar atual (+3,93% a.a.) ainda esteja acima do centro da meta de inflação (que é de 3,0%), a variação de março avançou na redução do índice acumulado, cujas últimas medições já apontavam para a estabilidade. A próxima reunião do Copom acontece nos dias 07 e 08 de maio, quando a taxa Selic deve ser reduzida para 10,25% ao ano. 

Efeitos

Para os próximos meses, alguns fatores irão influenciar os preços ao consumidor. O corte nas contas de luz pretendido pela MP 1212 é de 3,5% a 5,5%, mas não se sabe quando (e se) esse efeito irá ocorrer. A cotação do petróleo subiu mais de 10% nos últimos 30 dias e, mantendo essa tendência, deve impactar no preço dos combustíveis. Além disso, teremos as condições climáticas impactando o preço dos alimentos e o orçamento dos brasileiros.

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