Jonas em ação durante competição da modalidade (Esportes Já)
Renúncia, resiliência, persistência e coragem. São esses significados que a medalha de ouro conquistada pelo atleta Jonas Oliveira, de Campinas, carrega. Em outubro do ano passado, na Polônia, o desfecho de uma história de luta foi celebrado com um título inédito para o Brasil, o de campeão mundial de lira acrobática.
Modalidade aérea na qual acrobacias são realizadas em um aro pendurado por faixas ou cordas, a lira acrobática entrou na vida de Jonas por necessidade, se transformou em hobby e hoje representa sua vida. A participação no Campeonato Mundial de Pole Sports e Aéreos na Polônia só aconteceu porque vários obstáculos foram superados, como falta de recursos, estrutura limitada de preparação e lesões. Mas hoje, confiante, ele quer reviver a experiência e novamente batalha para participar do Brasileiro e do Mundial neste ano.
A relação de Jonas com as acrobacias aéreas começou em 2017, quando ele buscava uma atividade física em razão de sua diabete. E entre as variadas opções, ele optou por aquela prática diferente por ser “divertida e desafiadora”. Formado em letras e pedagogia e professor de inglês, o jovem começava na época a descobrir uma nova paixão que o levou para outro caminho. Hoje, aos 30 anos, ele segue como professor, mas de lira acrobática no estúdio Freya Aero Dance, no Taquaral.
Jonas Oliveira com a medalha de ouro conquistada em outubro do ano passado, na Polônia (Divulgação)
O aperfeiçoamento na prática veio com o interesse em disputar um mundial. “Em 2022, vi que tinham brasileiros competindo na Suíça e resolvi procurar entender sobre como participar”, lembra. “Vi que era um campeonato rígido, cheio de regras, movimentos obrigatórios, pontuação de movimentos e tudo isso tive que aprender.”
No ano seguinte, o primeiro desafio foi o Campeonato Brasileiro, de 4 a 6 de agosto, no Rio de Janeiro, onde tentaria a classificação para a competição na Polônia. Um imprevisto, no entanto, quase o fez adiar os planos. Em fevereiro, ele precisou fazer uma cirurgia no ombro, o que o afastaria dos treinos até o mês do evento no Rio. “Pensei em desistir”, conta. “Mas depois, decidi intensificar a dedicação à fisioterapia e consegui voltar aos treinos em julho. Treinei por um mês e fiquei em segundo lugar na lira acrobática, com pontuação suficiente para participar do Mundial”, recorda.
Na preparação rumo à Polônia, novos obstáculos no caminho. “Precisei fazer campanha na internet para levantar recursos. Fiz rifa, vaquinha, vendi desenhos da minha autoria e consegui praticamente o valor necessário.” No Mundial, a disputa contra campeões nacionais de vários países não o intimidou e veio a conquista do título inédito.
Neste ano, curiosamente, o Brasileiro de Pole Sports e Aéreos será em Buenos Aires, na Argentina, nos dias 3 e 4 de agosto. Jonas explica que a Confederação Brasileira de Aéreos e Pole Sport está sem presidente, o que motivou a migração do torneio para o país vizinho. Já o Mundial será na Suécia, de 23 a 27 de outubro.
No lugar mais alto do pódio, a realização de um sonho (Divulgação
Na Argentina, Jonas pretende participar em três categorias: lira acrobática, lira artística e mastro pendular. “A lira artística não tem movimentos obrigatórios, é mais livre e uma história precisa ser contada, é mais subjetiva. Já o mastro pendular é outro aparelho, uma barra vertical emborrachada e pendurada, sem contato com o chão.”
Maior desafio do que competir será, novamente, levantar recursos. Desta vez, a busca é por um patrocínio. “Estou procurando empresas que queiram fazer história comigo.”
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