mulheres na arte

Exposição “NQHOMA” inaugura a Alameda de mil m² na mostra Campinas Decor

A mostra, formada pelas iniciais da frase “Nós Que Habitamos O Mundo Alheio!”, questiona a presença das mulheres no meio artístico

Cibele Vieira/ [email protected]
26/03/2024 às 09:10.
Atualizado em 26/03/2024 às 09:10
Mariana Junqueira é autora de três quadros na cor azul sobre um fundo dourado que expressam a dor do silêncio de mulheres traumatizadas por homens; enquanto a artista Cristina Sagarra criou uma escultura no formato de máscara, que chamou de “Desolação" (Divulgação)

Mariana Junqueira é autora de três quadros na cor azul sobre um fundo dourado que expressam a dor do silêncio de mulheres traumatizadas por homens; enquanto a artista Cristina Sagarra criou uma escultura no formato de máscara, que chamou de “Desolação" (Divulgação)

A sigla “NQHOMA”, que nomeia a exposição, é formada pelas iniciais da frase “Nós Que Habitamos O Mundo Alheio!” e instiga um tema pouco discutido, que é a minoria feminina em exposições pelas galerias do mundo. Com a participação de 22 artistas – sendo 16 mulheres e seis homens que as apoiam –, a mostra tem 60 obras, a maioria inédita, em diferentes estilos, materiais, formatos e técnicas. Estará aberta de 29 de março a 7 de abril, sendo a mostra inaugural do espaço Alameda, durante a realização da 26ª edição da Campinas Decor no Prédio do Relógio, dentro do Pátio Ferroviário da cidade.

“Os visitantes vão encontrar obras de arte que dão exclusividade aos ambientes, de variados estilos”, diz a curadora Ligia Testa.

Ela comenta que os 22 artistas que estão expondo são de Campinas, do Brasil e do exterior (EUA, Argentina e Escócia), e trazem obras especiais que depois serão levadas para exposições em outros países. “Queremos ampliar essa discussão sobre a falta de espaço das mulheres no mundo da arte e nos principais museus do mundo. Elas seguem conquistando seu próprio espaço, menos leves do que gostaríamos e, mais uma vez, é a Arte quem precisa sair à frente com a bandeira em punho", complementa a curadora. Ligia argumenta ainda que os quadros, desenhos, esculturas, fotografias e outras peças têm técnicas e materiais diversos, como óleos, acrílicos, aquarelas, papel machê, ouro, spray e técnicas mistas, “em um cenário de completude artística”.

O espaço Alameda tem 1.100m2 e fica bem no centro da mostra de arquitetura e decoração, estrategicamente posicionado na circulação entre os ambientes e criado por Jannini e Sagarra Arquitetura. O ambiente, que tem uma beleza arquitetônica própria, recebeu lounges ambientados e suportes para diferentes exposições de arte que acontecerão durante a Campinas Decor. “NQHOMA” é a primeira mostra, que inaugura o uso do espaço como galeria de arte.

No pavilhão foram montados diferentes espaços de acordo com o tipo de obras, como o canto das esculturas, a área dos quadros e outros. Por cima do ambiente expositivo – que termina na área onde há o palco para shows e palestras –, foi criada uma passarela sinuosa que quebra a retidão dos trilhos e deverá também sediar desfiles.

A artista Mariana Junqueira abre a mostra com uma série de três quadros que usa a cor azul sobre um fundo de ouro, onde expressa de maneira intensa a dor do silêncio de mulheres que passaram por traumas provocados por homens.

Cristina Sagarra também participa da mostra com uma temática semelhante, uma escultura no formato de máscara, que chamou de “Desolação”. O rosto de mulher moldado em argila e em formato tridimensional tem os cabelos pintados em esmalte, mas a tinta escorre e se mistura a uma lágrima. Produzida durante a pandemia, a obra expressa, segundo a artista, “um sentimento profundo que transborda a dor dos sonhos e vontades não concretizadas”.

Questionada sobre a presença masculina na mostra que reivindica mais espaço feminino, Lígia explica que “as mulheres não querem exclusividade, querem igualdade e todos estão em plena sintonia pela conquista permanente do mundo próprio para elas. São artistas homens que reconhecem o índice de que apenas 6% de mulheres artistas participam de exposições mundo afora, pelos grandes museus, o que é ínfimo e inaceitável em pleno século 21”. Um dos artistas é o paulistano Armando Matiolli, que trouxe seus quadros geométricos e com cores fortes. Além do apoio à questão feminina nas artes, ele conta que o avô era maquinista e vivia acompanhando o conserto das locomotivas nesse galpão, que servia de oficina das máquinas, além de ter morado na Vila Mogiana. “Me emocionei quando vi onde será a exposição, por isso, decidi voltar ao local, agora como o neto artista”, declarou.

PROGRAME-SE

Exposição “Nós que Habitamos o Mundo Alheio”

Quando: de 29 de março a 07 de abril, com visitação de terça a sexta-feira, das 14h às 22h, e aos sábados, domingos e feriados, das 12h30 às 22h.

Onde: Prédio do Relógio do Pátio Ferroviário – Rua Dr. Sales de Oliveira. nº 1.380, Vila Industrial

Ingresso: R$ 60 (inteira), R$ 30 (meia) – crianças até 12 anos não pagam

Informações: Tel.:(19) 99378 7008 www.campinasdecor.com.br

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por