DADO POSITIVO

RMC registra queda na taxa de desemprego no segundo trimestre deste ano

Índice, que ficou em 6,7%, está entre os quatro menores do Estado de São Paulo, de acordo com estudo realizado pela Fundação Seade

Edimarcio A. Monteiro/ [email protected]
20/10/2023 às 09:22.
Atualizado em 20/10/2023 às 09:22
Um dos termômetros da queda da taxa de desemprego na RMC é a crescente oferta de vagas de trabalho por parte do CPAT de Campinas (Rodrigo Zanotto)

Um dos termômetros da queda da taxa de desemprego na RMC é a crescente oferta de vagas de trabalho por parte do CPAT de Campinas (Rodrigo Zanotto)

A Região Metropolitana de Campinas (RMC) teve queda na taxa de desemprego, que ficou em 6,7% no segundo trimestre deste ano. O índice está entre os quatro menores do Estado de São Paulo. O resultado é 1,2 ponto percentual menor do que os 7,9% registrados em igual período de 2022, apontou estudo divulgado pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade). Isso significa os 20 municípios integrantes da RMC fecharam junho com a média de um desempregado em cada 15 pessoas a partir dos 16 anos de idade em condições de trabalhar, contra uma em cada 12 em 2022.

O resultado na Grande Campinas é muito próximo da média do Estado, que ficou em 7,8% no segundo trimestre deste ano, de acordo com a Seade, e até mesmo da nacional. A taxa de desempregados no país fechou o segundo trimestre deste ano em 8%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A vendedora Hellen Mara Firmino da Silva, recém-contratada, voltou a ter carteira assinada após sete anos desempregada. Ela compõe o contingente que voltou ao mercado de trabalho, contribuindo para a redução do índice de desemprego na RMC.

"Estava muito difícil conseguir uma vaga e durante esse período fiz apenas bicos", contou ela. A vendedora foi contratada por uma loja de roupas infantis que funciona como outlet (roupas direto da fábrica) e brechó inaugurada na Vila Nova, em Campinas. Antes, Hellen havia trabalhado por três anos em loja no Centro, que fechou durante uma crise. "Eu até fiz entrevistas durante esse período, mas nunca fui chamada", afirmou.

A nova colocação foi gerada pela empresária Luciana Di Ciero, engenheira agrônoma que agora divide o tempo entre as consultorias para empresas para regulamentação de produtos de biotecnologia e a loja. "Fazia tempo que queria empreender, mas queria algo novo, fora da minha área", explicou. A opção foi abrir a franquia, que faz parte de uma rede com 65 lojas no Brasil. "Como não tinha experiência, foi importante ter o suporte de uma empresa", acrescentou Luciana Di Ciero. A ideia de investir na loja surgiu quando a filha ficou grávida. "O comportamento do consumidor mudou muito, não há mais preconceito com o brechó. As pessoas estão mais preocupadas com o reaproveitamento, reciclagem, a economia circular", explicou a empresária.

OUTROS DADOS

A RMC tem a quarta menor taxa de desemprego entre as 11 regiões que integram o estudo realizado pela Seade. O menor índice foi registrado na Região Noroeste do Estado, 4%, seguido pelo Sudoeste (5,7%) e Sudeste (6,1%). Em quase todas as áreas geográficas analisadas a taxa de desocupação no segundo trimestre de ano foi inferior à de igual período de 2022. As exceções são a Capital, onde a porcentagem de pessoas na força de trabalho que estão desempregadas passou de 8,7% para 9,1%, e Baixada Santista, onde subiu de 8,4% para 9,9%.

Apesar de também ter registrado queda, as cidades do chamado Entorno Metropolitano Oriental da Grande São Paulo registraram média de 11,2%, a maior do Estado. No segundo trimestre de 2022, a taxa era de 12,8%. Essa região é formada por 19 cidades - Arujá, Biritiba-Mirim, Diadema, Ferraz de Vasconcelos, Guararema, Guarulhos, Itaquaquecetuba, Mairiporã, Mauá, Mogi das Cruzes, Poá, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra, Salesópolis, Santa Isabel, Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul e Suzano. 

A Região Metropolitana de Campinas foi a que teve a maior taxa de ocupação no primeiro semestre deste ano, 5,3%, com um contingente de 1,73 milhão de trabalhadores com carteira assinada, apontou o Seade. Esse número é como se a soma de toda a população de quatro cidades da RMC estivesse empregada - Campinas, Hortolândia, Sumaré e Vinhedo. O órgão do governo estadual também destacou a ampliação de pessoas ocupadas nas regiões Sudoeste, com o total de 2,12 milhões (o equivalente a 2,1%) e Vale do Paraíba e Litoral Norte (1,72 milhão - 2,1%).

Porém, o Seade apontou retração acentuada na Região Sudeste (-4,6%) e queda também no Entorno Metropolitano Oriental (-1.3%). O levantamento apontou ainda relativa estabilidade na Região Metropolitana de São Paulo (-0,1%), com desempenho semelhante na Capital (-0,2%). As outras regiões do Estado tiveram alta. 

De acordo com o Seade, a RMC tem a maior taxa de participação ou de atividade do Estado. Ela foi de 69,8% no primeiro semestre e representa a proporção de ocupados e desocupados em relação às pessoas em idade ativa. A região e a Baixa Santista (63,4%) foram as únicas que apresentaram alta em comparação a igual período de 2022. As demais tiveram retração. A média do Estado foi de 66,5%, com o número de ocupados totalizando 23,9 milhões de pessoas.

REFLEXOS

A queda na taxa de desemprego na RMC refletiu positivamente tanto na captação de vagas disponíveis quanto de encaminhamentos para entrevista no Centro Público de Apoio ao Trabalhador (CPAT). O órgão da Prefeitura de Campinas bateu duas vezes este ano o recorde de oportunidades de emprego. A primeira foi em julho, com a oferta de 1.094 postos, número que chegou a 1.109 no mês passado. O maior número registrado anteriormente havia sido em janeiro de 2016, quando alcançou 1.036 oportunidades de trabalho.

"Após a pandemia [DE COVID-19]em 2020, o que víamos era a recomposição do número de vagas. Mas desde 2022 o que estamos registrando é realmente crescimento", disse a coordenadora do CPAT, Camila Garrido Pereira. No acumulado de janeiro a setembro deste ano, o órgão ofertou 6.601 vagas, número próximo das que foram oferecidas em todo o ano de 2022 - 7.086.

A atendente Sonia Marcelino saiu do balcão de emprego esperançosa de conseguir uma vaga após ficar desempregada em julho. Ela foi encaminhada para três entrevistas que deveriam ser feitas entre ontem à tarde e hoje. "Agora está mais fácil conseguir uma vaga", considerou ela. Para coordenadora Camila Garrido, o maior número de opções de emprego favorece o trabalhador, que pode escolher o melhor salário ou o que oferece as melhores condições que atendam suas necessidades, como a proximidade com a residência.

Após um mês desempregado, Vilson Martins também foi encaminhado para uma vaga na construção civil. "Conseguir um emprego em obra não está difícil. Basta a pessoa ter força de vontade, porque é trabalho pesado", afirmou. A sua última ocupação foi de ajudante de pedreiro, mas ele está disposto a pegar qualquer emprego disponível. "Eu faço qualquer coisa", garantiu.

Para a economista Eliane Navarro Rosandiski, coordenadora do estudo mensal sobre empregos na RMC do Observatório PUC-Campinas, o resultado da região "é positivo e deve ser comemorado", mas ainda não representou a retomada do emprego de melhor qualidade e capaz de aumentar o consumo e movimentar um círculo virtuoso de crescimento econômico. "O trabalhador é muito procurado, mas recebe uma oportunidade pouco interessante e se vê obrigado a se sujeitar a essas condições em nome de uma chance de atuar no mercado de trabalho", explicou ela, que também é professora da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas.

No acumulado de janeiro a agosto deste ano, a RMC registrou o saldo de 30.076 postos com carteira assinada criados. Eles se concentraram principalmente entre jovens de 18 a 24 anos, com salário inicial de R$ 1.844,68. No caso dos que têm o ensino médio, R$ 2.009,14. O estudo do Observatório PUC-Campinas apontou, porém, que nas duas situações os valores são inferiores à média salarial regional, em torno de R$ 2,2 mil.

O maior número de vagas na RMC foi criado pelo setor de serviço, 19.842, o que representou 65,97% do total. Depois vem a indústria, com 4.994 vagas (16,6%); construção civil, 3.804 (12,65%); comércio, 1.692 (5,62%) e agropecuária, 244 (0,81%).

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por