NOVO CAGED

RMC cria 12,9 mil empregos no primeiro bimestre, o melhor saldo em três anos

Desempenho foi 20,27% superior na comparação com o primeiro bimestre do ano passado

Edimarcio A. Monteiro/ [email protected]
29/03/2024 às 09:31.
Atualizado em 29/03/2024 às 09:31
Construção civil teve saldo positivo de 4.277 vagas nos dois primeiros meses do ano, sendo 1.771 postos em fevereiro; setor foi o segundo que mais criou empregos no período (Rodrigo Zanotto)

Construção civil teve saldo positivo de 4.277 vagas nos dois primeiros meses do ano, sendo 1.771 postos em fevereiro; setor foi o segundo que mais criou empregos no período (Rodrigo Zanotto)

A Região Metropolitana de Campinas (RMC) acumulou no primeiro bimestre deste ano a criação de 12.986 empregos com carteira assinada, o melhor resultado para o período em três anos. O resultado representou um aumento de 20,27% em comparação às 10.797 vagas surgidas em janeiro e fevereiro de 2023 e é menor apenas que os 18.269 postos de 2021, quando o mercado de trabalho estava em recuperação após a avalanche de demissões do ano anterior em virtude da pandemia de covid-19. O saldo positivo é mostrado pelo Painel de Informações sobre empregos do Observatório PUC-Campinas.

De acordo com a pesquisa, feita com base nos dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, 2024 é o quarto ano seguido de saldo positivo no bimestre, com o número de admissões superando o de demissões. Nos dois primeiros meses do ano, ocorreram, na Grande Campinas, 108.107 contratações com carteira assinada e 95.121 dispensas de funcionários. Para a economista Eliane Navarro Rosandiski, responsável pelo estudo, “o resultado leva a uma percepção que o rumo da economia está certo e isso está refletindo na geração de empregos, que está indo muito bem.”

Ela, que também é professora da PUC-Campinas, destacou que o desempenho da RMC refletiu também na melhoria da renda gerada pelos novos empregos. Em fevereiro, a média salarial dos admitidos foi de R$ 2.282,61, alta de 4,26% em relação aos R$ 2.189,24 de igual mês de 2023. Se por um lado representa basicamente a reposição da inflação de 12 meses encerrados em fevereiro, que foi de 4,5%, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), pela primeira ficou acima da média pré-pandemia de covid-19. Em fevereiro de 2020, último mês antes do surgimento da doença no país, o valor foi de R$ 2.189,58.

O Painel de Informações mostrou que três setores econômicos acumularam saldo positivo em janeiro e fevereiro, o principal o de serviços, com a criação de 6.043 empregos, seguido por construção civil (4.277) e indústria (3.397). Eliane Rosandiski destacou o desempenho da construção. “Ele é importante pelo efeito multiplicador que tem sobre a cadeia de produção, além das contratações serem com carteira assinada, fugindo da informalidade, o que mostra o quadro saudável dessa geração de emprego”, disse a economista. Além disso, o salário inicial pago pelo segmento foi de R$2.621,37, acima da média geral. 

NO VERMELHO

Outros dois segmentos, no entanto, fecharam com desempenho negativo, agropecuária, com o fechamento de 665 postos, e comércio, com 66 a menos. No primeiro caso, o resultado foi influenciado principalmente por Holambra, onde o setor é a principal atividade econômica e sujeito a variações da sazonalidade de produção e colheita. O município teve resultado negativo em janeiro e fevereiro, com o saldo acumulado de 1.049 postos de trabalho fechados. 

Já o comércio da RMC se recuperou no mês passado, com a geração de 963 empregos, mas o número foi insuficiente para impedir que o saldo do bimestre fosse de fechamento de 65 postos. O resultado ocorreu em virtude das 1.028 demissões ocorridas em janeiro, principalmente de funcionários temporários contratados para as vendas do final de 2023.

O resultado do primeiro bimestre foi atingido após a Grande Campinas fechar fevereiro com a criação de 9.399 vagas, que foi o melhor desempenho para o mês desde 2021. Em janeiro, a RMC havia registrado o saldo positivo de 3.587 postos, o que já havia surpreendido os economistas. Com esses números, o estoque de empregos na Grande Campinas no mês passado foi de 1.048.425.

O Observatório apontou que no mês passado o setor de serviços foi responsável por 57,29% dos empregos criados, com total de 5.385 vagas. O grupo de alimentação, formado por bares, restaurantes e similares, fechou fevereiro com saldo de 444 novos postos gerados.

Para a entidade representante do setor, o bom desempenho do setor de alimentação fora do lar na geração de empregos poderia ser ainda maior, não fosse a dificuldade dos estabelecimentos na hora da contratação. Os bares e restaurantes encontram dificuldades para preencher seus quadros e estão com 20% das vagas para serem preenchidas, de acordo com ela, o que corresponde a cerca de 16 mil postos de trabalho. “A dificuldade ocorre porque as pessoas não querem trabalhar à noite e aos finais de semana”, disse o gerente de um restaurante no Centro, Paulo César Pinheiro.

Os outros setores que tiveram alta na geração de empregos foram construção civil, com 1.771 postos, e indústria, 1.555. Uma fabricante de produtos de higiene e limpeza reflete o bom momento do setor neste começo de ano e está com 64 vagas abertas para contratação para o interior paulista. As vagas são, em sua maioria, para cargos efetivos em diversos setores e níveis. Entre os cargos de maior demanda estão auxiliar de operações, comprador, mecânico de manutenção, operador logístico e supervisor de produção. “Geramos constantemente oportunidades de trabalho e desenvolvimento profissional. Para nós, cada colaborador é essencial para fazer a nossa engrenagem funcionar”, afirmou a diretora-executiva de Gente, Cultura e Responsabilidade Social da empresa, Cristiane Lacerda. 

Para a economista Eliane Rosandiski, o salto positivo no emprego é reflexo de indicadores que mostram uma economia aquecida, como taxa de juros em baixa, inflação sob controle e alta do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todos os bens e serviços produzidos num período. Pesquisa da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) revelou que o PIB do Estado de São Paulo cresceu 3,2% em janeiro em relação ao mesmo mês do ano anterior. A expansão foi puxada principalmente pela agropecuária (20,7%), indústria (3,3%) e serviços (2,4%). 

CPAT

O quadro de mercado de trabalho aquecido refletiu no Centro Público de Apoio ao Trabalhador de Campinas (CPAT), que em fevereiro bateu o recorde de vagas disponíveis para o período. No mês passado, o órgão registrou 1.354 postos ofertados, o maior número desde 2015, quando o total foi de 1.266. “O início do ano é uma época em que o trabalhador está cheio de esperança em mudar de vida e conseguimos pelo segundo mês seguido aumentar as oportunidades para essas pessoas”, disse o secretário municipal de Trabalho e Renda, Artur Orsi.

O operador de carga e descarga Alex Medeiros saiu ontem do CPAT com indicação para cinco entrevistas para contratação, o que fez a esperança de voltar a ter a Carteira de Trabalho assinada ser renovada. “Estou desempregado há um ano e já tinha procurado o órgão outras vezes, mas nunca tinha conseguido uma indicação”, afirmou. Durante esse período, ele viveu de “bicos”. No primeiro bimestre deste ano, o Centro de Apoio ao Trabalhador acumulou 2.584 vagas oferecidas, superando na metade do tempo os 2.046 postos somados de janeiro a abril de 2023.

De acordo com Artur Orsi, o aumento também é resultado da ação da Pasta na busca por empresas para oferecer empregos. “Estamos fazendo um trabalho muito forte com o time de captação, convencendo diversos setores a trazerem suas vagas para o CPAT, que é a maior referência para o trabalhador de Campinas”, explicou o secretário. 

Entre as 20 cidades da Região Metropolitana, 18 tiveram saldo positivo na geração de emprego em fevereiro. As cinco que registram o melhor resultado foram Campinas (2.201), Sumaré (1.601), Indaiatuba (1.137), Paulínia (793) e Americana (749). Além de Holambra, a outra cidade em que as demissões superaram as contratações foi Jaguariúna, mas o número mostra mais uma estabilidade. A cidade registrou o fechamento de quatro postos de trabalho, saldo diante das 1.360 admissões e 1.364 dispensas. 

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