EPIDEMIA

Número de mortes por dengue sobe para 19 este ano na região

As vítimas fatais mais recentes (2) moravam na cidade de Santo Antônio de Posse, que soma 375 casos confirmados da doença

Edimarcio A. Monteiro/ [email protected]
21/04/2024 às 13:46.
Atualizado em 21/04/2024 às 13:46
No mutirão de prevenção à dengue promovido ontem pela Prefeitura de Campinas na região do CS Jardim Fernanda, os agentes de saúde foram bem recebidos pelos moradores, mas encontraram várias casas fechadas (Rodrigo Zanotto)

No mutirão de prevenção à dengue promovido ontem pela Prefeitura de Campinas na região do CS Jardim Fernanda, os agentes de saúde foram bem recebidos pelos moradores, mas encontraram várias casas fechadas (Rodrigo Zanotto)

O número de mortos por dengue na Região Metropolitana de Campinas (RMC) subiu para 19 desde o início do ano, após a confirmação de mais dois óbitos em Santo Antônio de Posse. A cidade, que teve 375 casos confirmados da doença até sábado (20), de acordo com o Painel de Monitoramento da Secretaria Estadual de Saúde, chegou a quatro vítimas fatais, sendo a segunda com o maior registro na RMC considerando números absolutos. O município é superado apenas por Campinas, com 11. As outras mortes foram em Americana, Itatiba, Jaguariúna e Santa Bárbara d´Oeste, com um registro cada.

Porém, Santo Antônio de Posse tem a liderança na proporção de mortes em relação aos casos de dengue. A pequena cidade, com 23.244 habitantes, teve um óbito a cada 93,75 pacientes, enquanto a média em Campinas é de um para 5.351. Esse quadro levou a Prefeitura a reforçar o atendimento médico nas unidades de saúde e a realizar ações de combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, chikungunya e zika.

A Administração criou uma ala exclusiva para atendimento de pacientes de dengue no ambulatório Municipal de Especialidades Médicas, que funciona de segunda-feira a domingo, das 8h às 20h. Além disso, colocou um terceiro médico para trabalhar no Pronto Socorro até as 22h, "com intuito de dar mais celeridade aos atendimentos", divulgou a Prefeitura nota. Também foram intensificadas as visitas de equipes de controle de vetores nas residências para eliminação dos criadouros do mosquito e está prevista nova nebulização com inseticida em todo o município.

A Região Metropolitana tem ainda 59 mortes em investigação para verificar se foram causadas por dengue. Dos 19 óbitos pela doença ocorridos na RMC, a maioria é de pacientes idosos, com idade superior a 65 anos, de acordo com o Painel de Monitoramento. Do total, quatro vítimas fatais foram de pessoas com menos de 35 anos, entre elas uma menina, com idade entre 10 e 14 anos, que teve a morte confirmada esta semana em Campinas. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, ela era moradora da área de abrangência do Centro de Saúde (CS) Jardim Fernanda e tinha comorbidades. Ela contraiu dengue tipo 2 e faleceu no último dia 5, quatro dias após apresentar os sintomas.

MUTIRÃO

O CS Jardim Fernanda fica na região onde ocorreu no sábado (20) o 12º mutirão municipal deste ano para prevenção e combate à dengue. Cerca de 120 pessoas, entre agentes de controle da doença, agentes de saúde e voluntários percorreram as residências de 12 bairros, entre eles o Fernanda, Campituba, jardins São Domingos, Marisa e Campo Belo. A coordenadora do Programa de Vigilância de Agravos e Doenças do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) de Campinas, Daiane Cristina Pereira Morato, reiterou os cuidados que devem ser tomados pelos moradores.

"É uma região que tem uma alta incidência (de dengue), muita vulnerabilidade. É importante esta ação, mas é importante que a população cuide no seu dia a dia e elimine os criadouros na sua rotina", alertou. O Jardim Fernanda, por exemplo, está entre os 50 bairros com a maior taxa de incidência este ano.

O avanço da dengue preocupa muitos moradores. "Eu estou horrorizada. Só de falar eu começo a me coçar", afirmou a dona de casa Doralice de Araújo Rocha Ferreira, pouco antes de passar repelente de insetos para se proteger. Ela teve dengue há cinco anos e enfrentou um quadro grave, chegando a ficar oito dias internada. Ela abriu as portas para vistoria dos agentes de saúde, que não encontraram nenhum ponto de água acumulada que pudesse servir de criadouro para o Aedes aegypti.

"Estou muita preocupada com a dengue. A namorada do meu irmão e a mãe dela pegaram a doença recentemente", disse a dona de casa Paloma Evangelista. Ela está mais receosa ainda por causa da filha recém-nascida, Diana, de apenas 2 meses. A bebê não pode usar repelente, o que leva Paloma e o marido a redobrarem os cuidados para combater os focos do mosquito. "Eu não deixo acumular água em nenhum local. Os vasos de planta nem têm o prato de suporte", afirmou, durante a vistoria dos agentes em sua residência.

De acordo com o líder de uma das equipes que atuaram na região, Eduardo Romagnoli, os moradores se mostraram muito receptivos ao trabalho de combate à dengue. "Não tivemos nenhuma recusa de inspeção. O que aconteceu foi encontrarmos muitos imóveis fechados", disse. Ele explicou que essas residências são registradas como "pendências", com os agentes retornando a esses endereços ao longo desta semana para realizar a vistoria.

Durante o mutirão, um agente encontrou garrafas de vidro que estavam no quintal de uma casa. Apesar de estarem deitadas, o que dificultava o acúmulo de água, o morador foi orientado a colocá-las em um saco plástico e guardá-las em outro local. Campinas vive uma epidemia de dengue, com 58.865 casos confirmados até sábado (20). Segundo balanço divulgado pela Prefeitura, nos 11 mutirões realizados anteriormente foram vistoriados 45,9 mil imóveis para orientar a população e eliminar os criadouros do Aedes aegypti. Contudo, em cada ação quase metade dos espaços estava inacessível pelos agentes por estarem fechados, desocupados ou porque foram impedidos de entrar pelos moradores.

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