ENTREVISTA

Monsenhor Elisiário César Cabral pede esperança e paz nesta Páscoa

Pároco da Igreja Nossa Senhora das Dores, no Cambuí, fala sobre a Semana Santa e momento difícil pelo qual a humanidade passa

Daniel Rocha/ [email protected]
31/03/2024 às 09:37.
Atualizado em 31/03/2024 às 09:37
Pároco contou que a descoberta de sua vocação sacerdotal ocorreu já quando era adulto, aos 22 anos (Rodrigo Zanotto)

Pároco contou que a descoberta de sua vocação sacerdotal ocorreu já quando era adulto, aos 22 anos (Rodrigo Zanotto)

Vigário-geral da Arquidiocese de Campinas e pároco da Paróquia Nossa Senhora das Dores, no Cambuí, o monsenhor Elisiário César Cabral é padre há mais de trinta anos. Durante sua carreira, ele também se tornou mestre em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade São Tomás de Aquino, de Roma, e professor da Faculdade de Teologia da PUCCampinas.

Neste domingo de Páscoa, o monsenhor é o entrevistado especial do Correio Popular. Durante a conversa, que aconteceu na sede do jornal, a convite do presidente-executivo Ítalo Hamilton Barioni, Elisiário César Cabral abordou o significado e a importância da Semana Santa para os cristãos. Em mais de uma hora de entrevista, temas como o surgimento da vocação sacerdotal e as maneiras de se relacionar com uma nova geração de religiosos inseridos em um mundo onde a tecnologia e a instantaneidade predominam foram abordados.

Além disso, o padre fez uma reflexão sobre o tema da Campanha da Fraternidade de 2024, "Fraternidade e Amizade Social". Ele compartilha a visão do Papa Francisco, de que os dias atuais não são apenas uma época de mudança, mas uma mudança de época. Em outra menção ao líder máximo da Igreja Católica, o religioso lembra que a fraternidade não é algo que deva ser praticado apenas com os mais próximos, mas sim com todos.

Com um recado para superarmos o egoísmo, as disputas e a impaciência típica de nossos dias, o padre Elisiário César Cabral pede, nesta Páscoa, por mais doçura e respeito diante de um mundo tão complexo.

Acompanhe a seguir os principais trechos da entrevista.

Monsenhor, conte-nos um pouco sobre a sua trajetória dentro da Igreja.

Eu comecei a minha vida eclesiástica ingressando no Seminário Maior Imaculada Conceição. Desde então, como padre, eu sempre estive vinculado à Arquidiocese de Campinas. Eu fui ordenado em 21 de fevereiro de 1992 e posteriormente ganhei uma bolsa de estudos para fazer um curso de mestrado em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade São Tomás de Aquino, em Roma. Ao voltar, passei a lecionar no curso de Teologia da PUC-Campinas. Também ajudei na formação dos seminaristas e passei por várias paróquias. A minha primeira, logo após a ordenação, foi a Paróquia Santa Inês, no Parque Universitário de Viracopos. Depois disso, eu trabalhei no seminário por cerca de seis anos e, em seguida, fui auxiliar na Paróquia São Cristóvão, em Valinhos, e depois na São José, em Elias Fausto. Posteriormente, me tornei pároco da Imaculado Coração de Maria, no Flamboyant, em Campinas, onde fiquei por sete anos, até assumir a Paróquia Santana, de Sumaré, por outros sete. Atualmente, eu sou pároco da Nossa Senhora das Dores, no Cambuí, onde estou há três anos. Em 2021, me tornei vigário-geral da Arquidiocese, após a chegada do novo arcebispo Dom João Inácio Müller. Ele me pediu para que eu o ajudasse assumindo essa função, auxiliando em algumas emergências e representando-o quando a sua agenda está muito sobrecarregada. Então, por exemplo, se há algum atendimento ou alguma celebração de Crisma, que é de atribuição específica dele, e ele, por algum motivo, não possa se fazer presente, eu o substituo e assim vou ajudando no que é necessário.

Em que momento surgiu a sua vocação sacerdotal?

Na verdade, cada um tem uma história vocacional, né? A minha aconteceu já enquanto adulto. Eu tinha 22 anos, e foi por circunstâncias muito concretas. Primeiro, eu venho de uma família bastante religiosa e inserida ativamente na comunidade local. Depois, porque nessa época, em Monte Mor, onde nasci, havia o Cônego Cyriaco (Scaranello Pires) e ele foi pároco na cidade por 56 anos. Em um determinado momento, com ele já bastante adoentado e com a comunidade bastante engajada, rezando, pedindo pela sua melhora, de repente eu pensei: “por que não eu?” e fui buscar o discernimento vocacional. Tive a orientação e, aos poucos, eu fui percebendo que era uma possibilidade na minha vida, sempre com muita simplicidade. 

Em relação aos seminaristas, como o senhor vê essa nova geração de religiosos e como a Igreja tem trabalhado a sua formação?

É uma pergunta bastante complexa, pois há dois aspectos importantes. Um é, de fato, aquilo que a nossa geração compreendeu como vocação, discernimento e a forma como estudamos a própria Teologia, mas isso é um dado histórico de um determinado momento, é um recorte histórico. O segundo é que é uma geração muito mais ligada nas questões da mídia, da instantaneidade. Para quem, como eu, trabalha na formação e que já tem por volta de sessenta anos, é um pouco difícil acompanhar a velocidade que a nova geração se apropria das coisas de um jeito muito imediato e até, às vezes, descartável. O meu modelo de formação, por exemplo, era mais analítico, meditar, prestar atenção, fazer as coisas de uma maneira mais lenta, mas isso foi há trinta anos. Hoje nós estamos em um movimento de mudança. O Papa Francisco mesmo já disse que nós estamos não apenas vivendo uma época de mudança, mas uma mudança de época. É interessante a forma como ele trabalha o jogo de palavras, é muito significativo, pois é uma mudança de mentalidade mesmo. São dois pontos e um pêndulo. Agora, nós temos de olhar para isso à luz da Igreja e da fé. Isso porque em relação à luz da fé, nós podemos dizer que é também o que Deus está preparando para a Igreja. Temos de responder a isso de alguma forma, sem criar nenhum tipo de cizânia e, às vezes, eu percebo, em algumas circunstâncias da formação, que é muito fácil de se criar uma divisão. No fundo, cada vez mais a gente precisa procurar, hoje e sempre, pelas fontes da Bíblia, da revelação. O mundo pode mudar, mas o lugar de onde a gente bebe, a fonte, é a mesma. A mensagem é a mesma, mas é preciso ter uma forma de diálogo que atinja este novo público, e isto não é só uma questão geracional, é algo individual também. Eu creio que nós ainda vamos encontrar algumas análises para o futuro sobre o impacto do que foi essa pandemia (de covid-19) em nosso mundo, porque muitos estudiosos já mostram uma guinada profunda não apenas no comportamento das pessoas, na moral, na práxis, mas no modo de pensar também. Cada vez mais nós somos dependentes dos recursos da tecnologia que acabam por substituir o relacionamento interpessoal presencial.

Domingo de Páscoa celebra ressureição de Jesus Cristo após a crucificação, evento que é relembrado na Sexta-feira Santa (Kamá Ribeiro)

Domingo de Páscoa celebra ressureição de Jesus Cristo após a crucificação, evento que é relembrado na Sexta-feira Santa (Kamá Ribeiro)

O que fazer quanto a isso?

Olhando sob o aspecto teológico, nós temos ainda muito de nossa ancestralidade. Por mais que nós nos adaptemos rapidamente às tecnologias, está se criando um vazio profundo no coração do ser humano. O ser humano é relação, ele precisa ter olhar, ele precisa de alguém que veja, que diga: “oi, tudo bem? Como você está?”. E, talvez, não estamos dando o devido valor a isso e não percebemos o dano emocional que essa questão tem causado. Por isso mesmo nós vemos, cada vez mais, as pessoas tão irritadas, sem paciência, e acabamos, nós adultos, muitas vezes transmitindo isso às crianças. E elas sofrem. Talvez a gente precise começar a se reconhecer um pouquinho, tentar mudar algumas coisas. Somos muito bons em fazer isso com os outros, mas quando é conosco é outra história. Hoje nós ocupamos a nossa vida com muitas tarefas. Antes, nós vivíamos com uma naturalidade maior, pois as cobranças eram bem menores. Podíamos ser mais frágeis, pois alguém sempre podia nos ajudar. Hoje, cada vez mais, nós temos medo, nos fechamos, temos vergonha disso ou daquilo. A vida vai ficando cada vez mais difícil e o mundo mais supérfluo e menos profundo, e essa superficialidade do mundo vai se instalando dentro de nós. No passado, os cuidados familiares eram maiores e nos apoiávamos mais. A rede de ajuda era mais espontânea. Hoje estamos muito sozinhos. Sofremos sozinhos e temos de nos virar assim. Estamos solitários. A depressão atinge todas as faixas etárias. É algo que está relacionado, de muitas maneiras, com essa falta de fraternidade, do olho no olho.

O que fazer quanto a isso?

Olhando sob o aspecto teológico, nós temos ainda muito de nossa ancestralidade. Por mais que nós nos adaptemos rapidamente às tecnologias, está se criando um vazio profundo no coração do ser humano. O ser humano é relação, ele precisa ter olhar, ele precisa de alguém que veja, que diga: “oi, tudo bem? Como você está?”. E, talvez, não estamos dando o devido valor a isso e não percebemos o dano emocional que essa questão tem causado. Por isso mesmo nós vemos, cada vez mais, as pessoas tão irritadas, sem paciência, e acabamos, nós adultos, muitas vezes transmitindo isso às crianças. E elas sofrem. Talvez a gente precise começar a se reconhecer um pouquinho, tentar mudar algumas coisas. Somos muito bons em fazer isso com os outros, mas quando é conosco é outra história. Hoje nós ocupamos a nossa vida com muitas tarefas. Antes, nós vivíamos com uma naturalidade maior, pois as cobranças eram bem menores. Podíamos ser mais frágeis, pois alguém sempre podia nos ajudar. Hoje, cada vez mais, nós temos medo, nos fechamos, temos vergonha disso ou daquilo. A vida vai ficando cada vez mais difícil e o mundo mais supérfluo e menos profundo, e essa superficialidade do mundo vai se instalando dentro de nós. No passado, os cuidados familiares eram maiores e nos apoiávamos mais. A rede de ajuda era mais espontânea. Hoje estamos muito sozinhos. Sofremos sozinhos e temos de nos virar assim. Estamos solitários. A depressão atinge todas as faixas etárias. É algo que está relacionado, de muitas maneiras, com essa falta de fraternidade, do olho no olho.

E aqui no Brasil, onde vivemos toda essa questão de polarização político-ideológica? Como ficamos?

O Brasil tem vivido um momento difícil, de mudança, de muita polarização ideológica. Muitas amizades se perderam. O contato entre os familiares ficou prejudicado. A intenção foi chamar um pouco a atenção para a razão, que é o que a Campanha da Fraternidade sempre busca fazer olhando para a realidade da população, dos grupos sociais, para quem dirigimos a palavra. Ou seja, ela procura atender a esses dois grandes apelos, tanto o que vem da mensagem do Papa Francisco quanto aquele que vem da nossa realidade local. E é importante ressaltar que a Campanha da Fraternidade é uma ação eclesial tipicamente brasileira. Ela não existe em outros países, ainda que alguns deles já tenham tentado organizar algo nesse sentido. No entanto, há muitas dificuldades para fazê-lo. No Brasil também, porque é um país continental, mas curiosamente, o brasileiro, esteja onde estiver em nosso território, tem uma cordialidade diferente no espírito, no modo de ser, que o caracteriza. Nós temos os nossos regionalismos, mas somos capazes de integrar as coisas. Em outros países não é tão simples assim.

O senhor já passou por várias paróquias em diversos bairros de Campinas e em outras cidades da região. O que muda na questão da homilia, uma vez que os públicos são tão diferentes?

A homilia é sempre um momento muito pessoal daquele que a transmite, porque é aí que a gente demonstra de que forma será estabelecida a sintonia com a nossa assembleia. Eu tento buscar essa sintonia, variando o vocabulário, sendo mais ou menos formal, por exemplo, e isso vai da sensibilidade de cada pessoa, entende? Eu creio que aquele que prega tem de fazer um exercício de simplicidade e se colocar nas mãos de Deus, permitindo que o sentimento que está presente na assembleia toque a sua vida. Isso porque a homilia verdadeira não é um discurso. É um diálogo. É isso o que os mestres nos ensinam. Por isso nós não fazemos uma homilia como aula, e sim tentando fazer com que as pessoas se abram e sejam cativadas. E isto quem vai fazer é o Espírito, não o pregador. O que a gente faz é facilitar a comunicação. Só isso.

Estamos agora na Semana Santa. Nos fale um pouco sobre o período e o que ele representa.

A Semana Santa, para nós, cristãos, é o centro da vida de fé, porque é a meditação sobre a entrega da vida de Jesus Cristo na cruz. E isso se tornou emblemático, pois é sobre como um homem oferece, em um sacrifício na cruz, a sua vida a Deus. A amplitude do significado deste gesto é enorme. Então a gente pode começar falando da Semana Santa como um dado histórico, uma vez que a Bíblia guarda esta recordação, e nós, aqueles que guardamos a fé, temos a Bíblia como um texto sagrado que é a revelação de Deus. Os quatro evangelhos, em especial o de João, falam de uma última semana de Jesus em Jerusalém. Ela teria se iniciado com a sua chegada à cidade após ele ter anunciado o Reino de Deus e feito curas e milagres, fazendo com que muitos encontrassem um sentido para a vida, a conversão e muitas outras coisas mais. Começaram a dizer que ele era um profeta, pois ele falava das coisas de Deus, e que não era um simples homem, que havia nele algo de mais profundo, de transcendental, porque as pessoas se sentiam profundamente tocadas pelos seus ensinamentos. Além disso, ele fazia certa censura ao poder estabelecido da época, incluindo o religioso, pois, em sua visão, a forma como a religião estava instituída no templo não guardava mais o sentido e o afeto profundo do amor de Deus. Em outras palavras, os sacerdotes viraram muito mais legalistas do que pessoas que aprofundavam o mistério de Deus e colocavam esse mistério como transformação para as pessoas. Jesus propunha determinada coisa às pessoas e esperava que elas decidissem internamente, que encontrassem um sentido para o que foi proposto. E é aí que elas começam a desacreditar as instituições, ou, melhor dizendo, as pessoas que representavam aquelas instituições. E a expectativa quando de sua chegada em Jerusalém era que ele se declarasse o “rei de Israel”, sendo inclusive essa a acusação que ele sofreu, o que seria uma insubordinação, uma insurreição. Muita gente o qualificou, por conta disso, como um subversivo, mas essa leitura é equivocada. O que Jesus queria era mostrar que era possível viver de uma forma diferente, que era preciso acreditar nisso. Exercitar o perdão. A síntese do ensinamento de Jesus é “ame ao Senhor, teu Deus, e ao próximo como a ti mesmo” e a Semana Santa concentra tudo isso. Esse Jesus que, do ponto de vista histórico, anunciou o Evangelho e entendeu que a sua vida iria se consumar de alguma forma para que a humanidade compreendesse o mistério do amor de Deus. Que ele precisaria se entregar, doar a sua vida totalmente.

E para além do aspecto histórico?

Existe um aspecto teológico, de fé, que foi sendo atribuído pelos seguidores de Jesus depois de sua morte e ressurreição. Uma coisa é o homem Jesus, que viveu e peregrinou pela Galileia, Samaria, Judeia, o que ele pregou, morreu na cruz, ressuscitou etc. Outra coisa é aquilo que aqueles que o seguiam começaram a recordar e passar adiante. Começaram a dar um sentido para tudo aquilo que havia ocorrido, para tudo o que viveram. E esta experiência está em quê? Aquele que estava morto foi visto. Foi encontrado vivo e isso é um mistério. Eu não saberia te explicar. É uma questão de acreditar ou não. É algo resolvido dentro do coração de cada ser humano quando ele próprio se propõe a buscar isso. Não existe um dogma que esgote esse tema. Não existe um ensinamento que vai dizer peremptoriamente que essa é a verdade, porque isso se dá através da capacidade, da habilidade do ser humano de trabalhar com coisas que são próprias do seu coração. A comunidade que viveu a experiência do Cristo Ressuscitado vai interpretando toda a vida de Jesus como a consumação do desejo da promessa do Pai, que remete a Moisés. Ele teve uma primeira experiência de libertação e fé quando do cativeiro no Egito. É um dado histórico, mas lido na perspectiva da fé e como um caminho de libertação para a comunidade de fé. Nessa perspectiva, Jesus é o novo Moisés. Logo, a comunidade cristã começa a ler e a celebrar toda a mensagem profética dos textos do Antigo Testamento e chega à conclusão de que Jesus é o profeta também. E através da literatura sapiencial do Antigo Testamento, (as pessoas) percebem que Jesus é o sábio por excelência. E a Igreja, pouco a pouco, vai se consolidando na medida em que ela se reconhece como a portadora da graça do Ressuscitado. Aqueles que também transformaram as suas vidas vivendo à sua luz dão o seu testemunho e são capazes de transformar as coisas. E é aí que está a presença de Jesus Ressuscitado. São Paulo, cerca de vinte anos após a morte de Jesus, na primeira carta aos coríntios, utiliza uma imagem muito bonita. Com a comunidade recém-formada, ele começa a anunciar Jesus Ressuscitado. A comunidade lhe pede provas de que isso ocorreu e ele os indaga da seguinte maneira: “como vocês eram antes de receber o Evangelho? Como vocês viviam? Um brigando com o outro. E quem vos reuniu? Quem foi que transformou o coração de vocês para a fraternidade? Foi o anúncio do Evangelho do Cristo que vive. Se vocês acreditaram nisto e transformaram as suas vidas, se essa transformação foi produzida na vida de vocês, é a prova de que Cristo ressuscitou, pois se não fosse a ressurreição de Cristo vocês ainda estariam nas trevas”. Então, veja, é uma coisa muito viva, muito dinâmica, mas é a comunidade de fé que vai dando sentido às coisas, que vai buscando e vai celebrando. Os judeus já celebravam a Páscoa. Moisés já tinha estabelecido os ritos dela lá atrás, está no Êxodo e em Deuteronômio como preparar o cordeiro e afins. Os cristãos vão dizer: “Jesus é o nosso cordeiro. Ele tem a alma pura, a sua vida é pura e, portanto, ele pode ser oferecido como cordeiro”. Então, o mistério da Semana Santa assim segue. Nele deságuam diferentes experiências. Tanto a do Jesus histórico, quanto a do teológico.

Qual mensagem de Páscoa o senhor deixaria para os nossos leitores neste domingo?

Olha, independentemente da religião de cada um dos leitores, a minha mensagem é de esperança, de paz para todos e por tempos melhores. Nós certamente estamos vivendo em um contexto histórico difícil, muito marcado pelo egoísmo, pelas disputas, pela impaciência. Uma coisa que tem me assustado demais é ver como as pessoas estão extremamente irritadas. As pessoas estão tendo muita dificuldade até para, simplesmente, ouvir o que o outro tem a dizer. Diante de um mundo marcado por tantas resistências, as pessoas estão cada vez mais isoladas e sofrendo por causa disso. Estamos vivendo em um mundo muito difícil, então que as pessoas sejam um pouquinho mais dóceis e exercitem um pouco mais a questão do respeito. E eu, como padre, não posso deixar de pedir a Graça de Deus para que isso se torne a força que vem do alto, que sensibilize, que enterneça, que aqueça os corações. Essa é a minha prece. Eu desejo uma feliz Páscoa e que o Cristo Ressuscitado ilumine de modo muito rico a vida de todos, porque eu acredito que a Graça de Deus chega até nós independentemente do nosso pretenso conhecimento. Além disso, muita saúde, paz, reconciliação, quando necessário. Educação e cordialidade, que são valores simplesmente humanos, em primeiro lugar. Se humanamente vivêssemos essas virtudes, então seria muito mais fácil a gente dizer que Deus está no meio de nós, porque uma coisa não está desvinculada da outra. Deus não está longe do ser humano e o ser humano, mesmo quando pensa que Deus está longe dele, pode ter certeza de que não está, porque é a sua criação, é a sua obra.

Para finalizar a entrevista, gostaríamos de fazer uma pergunta mais leve, de caráter pessoal. Quando o senhor não está envolvido com os afazeres da vida sacerdotal, qual é o seu hobby?

Olha, eu não tenho conseguido exercer muito o meu hobby, mas o meu pai, já falecido, era carpinteiro. Ainda criança, eu aprendi esse ofício e o adoro. Inclusive, tenho uma oficina que era do meu pai e que hoje eu divido com o meu irmão. Eventualmente, eu a utilizo para fazer alguns trabalhos artesanais.

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