EM VINHEDO

Médico que não atendeu família de idosa falecida é investigado pelo Cremesp

Plantonista se recusou a conversar com parentes da mulher: ‘deixa eu dormir’ (sic)

Da Redação
11/01/2024 às 09:00.
Atualizado em 11/01/2024 às 09:00
Prefeitura de Vinhedo informou que plantonistas têm uma hora de descanso para cada seis de trabalho; Administração afastou, durante o período de investigação disciplinar, o médico e uma enfermeira suspeita de levar pessoas em área restrita e no período de descanso do profissional (Kamá Ribeiro)

Prefeitura de Vinhedo informou que plantonistas têm uma hora de descanso para cada seis de trabalho; Administração afastou, durante o período de investigação disciplinar, o médico e uma enfermeira suspeita de levar pessoas em área restrita e no período de descanso do profissional (Kamá Ribeiro)

O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) está investigando a conduta do médico plantonista, cujo nome não foi divulgado, que chocou a Região Metropolitana de Campinas (RMC) ao se recusar a atender familiares de uma idosa que chegou sem vida na Policlínica da Capela em Vinhedo. O médico foi afastado do cargo.

A conversa entre o profissional e os familiares foi gravada e está circulando nas redes sociais. No vídeo, o plantonista alega que a paciente chegou morta e pede para fecharem a porta para ele dormir. Em nota, o Cremesp afirmou que está investigando o caso. "As apurações correm sob sigilo determinado por lei e seguem os prazos processuais previstos no Código de Processos Ético-Profissionais (CPEP) do Conselho Federal de Medicina (CFM). Qualquer posicionamento adicional por parte do Conselho pode resultar na nulidade do processo." 

O caso aconteceu no último final de semana. Nas imagens, o médico é procurado pela filha da idosa. Ela tenta obter mais informações sobre o óbito, mas ele responde que “ela está morta. Ela já chegou morta. Fecha a porta para mim, deixa eu dormir”.

Também por meio de nota, a Prefeitura disse que o médico, que trabalha na rede pública municipal desde 2007, e a enfermeira envolvida no caso foram afastados das atividades durante o período de investigação disciplinar. Inicialmente, o prazo é de dois meses. Segundo a Prefeitura, a apuração no caso da enfermeira será se houve "invasão" da área restrita ao levar pacientes até o médico, já que ele estava em seu período de repouso. Os médicos plantonistas têm uma hora de descanso para cada seis de trabalho, segundo a Prefeitura.

"A Prefeitura de Vinhedo informa que, diante dos fatos ocorridos no último fim de semana, na Policlínica da Capela, foi instaurado processo de apuração disciplinar dos profissionais envolvidos. Em tempo, durante a apuração, e até a conclusão do processo legal, os servidores serão afastados temporariamente. Novamente, pedimos desculpas pelo ocorrido e mais uma vez também manifestamos nossas condolências à família da paciente", comunicou a Administração em um trecho da nota oficial.

A assessoria de imprensa também informou que este é o primeiro caso registrado na cidade, que já entraram em contato com os familiares da vítima e que os profissionais terão “ampla chance de defesa”.

DIÁLOGO

Na gravação, a filha da paciente, que sofria de leucemia, fala com o médico e ele pergunta o "que você quer?”. Ela responde: “doutor, deixa eu só te falar uma coisa. Quando ela tava lá no chão...”. Ele interrompe e diz “mas eu não quero saber, ela tá morta, não tem mais nada para conversar”. A filha da idosa ainda tenta prosseguir mas ele dispara “então, senhora. Deixa eu dormir, porque ela morreu. Não tem mais nada para fazer por ela. Tá bom?. A mulher insiste alegando que queria tirar uma dúvida. “Não tem dúvida nenhuma. Ela está lá, morta. Ela já chegou morta. Fecha a porta pra mim, deixa eu dormir”, encerra o profissional. O diálogo foi reproduzido com base nas falas que constam na gravação divulgada nas redes sociais.

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