QDENGA

Campinas está fora da lista de cidades que receberão vacina contra a dengue

Relação com os municípios que terão prioridade na primeira remessa foi divulgada ontem pelo Ministério da Saúde; Dário reivindica inclusão da cidade na lista

Da Redação
26/01/2024 às 09:09.
Atualizado em 26/01/2024 às 09:09
Município vive a sua sexta pior epidemia de dengue da história, com 12.120 casos contabilizados desde 2023 (855 somente neste ano) (Rodrigo Zanotto)

Município vive a sua sexta pior epidemia de dengue da história, com 12.120 casos contabilizados desde 2023 (855 somente neste ano) (Rodrigo Zanotto)

O Ministério da Saúde divulgou ontem as cidades que terão prioridade para receber a primeira remessa da vacina contra a dengue (Qdenga). Mesmo passando por uma epidemia, Campinas ficou fora da lista. De acordo com o Ministério da Saúde, a seleção das cidades atendeu a três critérios: municípios de grande porte, ou seja, com mais de 100 mil habitantes, alta transmissão de dengue registrada em 2023 e 2024, e maior predominância do sorotipo 2 (DENV-2).

Após Campinas ficar fora da relação, o prefeito Dário Saadi (Republicanos) divulgou nota por meio da assessoria de imprensa anunciando que reivindicará o envio do imunizante para o município que vive sua sexta pior epidemia, com três óbitos e 12.120 casos desde 2023, sendo 855 somente neste ano. Na quinta-feira (25), o Ministério da Saúde (MS) divulgou as cidades que terão prioridade na vacinação pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que será inicialmente destinada para a faixa etária de 10 a 14 anos. Serão duas doses com intervalo de três meses entre elas.

No Estado de São Paulo, apenas 11 cidades foram incluídas no programa federal. São elas Guarulhos, Suzano, Guararema, Itaquaquecetuba, Ferraz de Vasconcelos, Mogi das Cruzes, Poá, Arujá, Santa Isabel, Biritiba-Mirim e Salesópolis, todas no Alto Tietê.

“Estamos enfrentando uma guerra contra a dengue na cidade, que está com alta de casos. A vacina é mais uma aliada contra essa doença que mata. Estou recorrendo ao Ministério da Saúde para que eles avaliem os dados epidemiológicos de Campinas e possam enviar doses para a nossa cidade”, disse o prefeito na nota oficial. Segundo a assessoria, o ofício ao Ministério da Saúde seria encaminhado ainda ontem. Procurado pelo Correio Popular sobre a previsão de vacinas para Campinas, o MS não havia se pronunciado até o fechamento da matéria.

EXPLOSÃO DE CASOS

O número de casos confirmados da doença entre o final da semana passada para essa subiu 83,47%, passando de 466 casos para 855, de acordo com o Painel Interativo de Arboviroses da Secretaria de Saúde. Embora Campinas não tenha dados específicos sobre a faixa etária que receberá a vacina, há sobre uma faixa parecida, a de 10 a 19 anos. Nesse grupo, foram 1.715 casos desde o ano passado, sendo 92 apenas em 2024. No entanto, Campinas, segundo a assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde, ainda não registrou nenhum caso do tipo 2.

“Desde os últimos meses do ano passado, os dados têm mostrado aumento de 300% em relação ao mesmo período do ano anterior, e esse crescimento tem se mantido agora em 2024. Esses dados nos trazem muita preocupação com o cenário epidemiológico que enfrentaremos neste ano", explicou o coordenador do Programa de Arboviroses, Fausto de Almeida Marinho Neto.

Mesmo com um número inferior de notificações, Guarulhos, que tem 1,392 milhão de habitantes, 253 mil a mais do que Campinas, foi selecionada justamente por atender os três requisitos. Foram 1.952 casos de dengue no período estipulado pelo MS, incluindo o tipo 2, sendo 142 notificações positivas apenas em 2024. As informações foram passadas pela assessoria de imprensa de Guarulhos.

AÇÕES EM CAMPINAS

A dengue é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti e tem os tipos 1 e 2 com maior circulação no país, além do reaparecimento dos tipos 3 e 4 após 14 e 9 anos, respectivamente. Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) o DEN-1 é o que mais afeta os brasileiros, sendo visto como o mais explosivo dos quatro, já que pode provocar grandes epidemias em um curto prazo. O DEN-3 é o responsável por causar formas mais graves da doença, seguido pelo DEN-2 e o DEN-4.

Para combater a doença, Campinas vem realizando mutirões e utilizando drones para identificar criadouros do mosquito. A região atendida pelo CS do Jardim Eulina é disparada a com mais casos, com 124 até a semana passada.

Cresceu também o número de áreas identificadas como de alto risco para a proliferação da dengue, com 12 novos bairros. Em uma semana, Campinas registrou um aumento de 70,55%, saindo de 17 para 29 áreas em atenção, de acordo com comunicado divulgado na segunda-feira (22) pela Secretaria Municipal de Saúde.

Os novos bairros incluídos são: Nova Campinas e Jardim Nilópolis (região Leste); Bonfim, Jardim Chapadão e Conjunto Habitacional Padre Anchieta (Norte); Jardim Pauliceia e Jardim Lisa (Noroeste); Parque Industrial, Parque Jambeiro (Suleste); Jardim Santa Lúcia, DIC IV e Parque Vista Alegre (Sudoeste).

De acordo com a Secretaria de Saúde, o cenário da dengue pode piorar se houver reintrodução dos vírus tipos 3 e 4. Segundo a Pasta, os grupos mais vulneráveis são crianças, adolescentes e adultos que não tiveram contato com a doença antes.

“É importante que a população abra cada vez mais suas portas para os agentes da saúde e colaborem fazendo sua parte na eliminação semanal de focos de água parada e potenciais criadouros para o mosquito transmissor da dengue”, explicou o coordenador do Programa de Arboviroses, Fausto de Almeida Marinho Neto. No último sábado (20), a Secretaria de Saúde realizou o terceiro mutirão do ano para prevenção e combate à doença. As ações foram realizadas nas regiões do Jardim Eulina, Jardim Quarto Centenário, Bonfim e Castelo.

DISTRIBUIÇÃO

O anúncio das cidades que vão receber a primeira remessa foi divulgada ontem de manhã, em coletiva que contou com a presença da ministra Nísia Trindade. A vacina contra a dengue será aplicada no público-alvo de regiões endêmicas, em 521 municípios, a partir de fevereiro. “Desde 2023, o Ministério da Saúde está monitoramento e alerta para o aumento de casos de dengue no Brasil. Nesse cenário, a pasta coordenou uma série de ações para o enfrentamento das arboviroses, intensificou os esforços e reforçou a conscientização sobre medidas de prevenção. Uma das iniciativas foi a incorporação da vacina contra a dengue, que será aplicada na população de regiões endêmica”, cita a nota do Ministério.

Serão 16 estados e o Distrito Federal. Serão vacinadas as crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos, faixa etária que concentra maior número de hospitalização por dengue – 16,4 mil de janeiro de 2019 a novembro de 2023, depois das pessoas idosas, grupo para o qual a vacina não foi autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O esquema vacinal será composto por duas doses, com intervalo de três meses entre elas.

A definição de um públicoalvo e regiões prioritárias para a imunização foi necessária em razão da capacidade limitada de fornecimento de doses pelo laboratório fabricante da vacina. A primeira remessa com cerca de 757 mil doses chegou ao Brasil no último sábado (20), pelo Aeroporto Internacional de Campinas, em Viracopos. O lote faz parte de um total de 1,32 milhão de doses fornecidas pela farmacêutica. Outra remessa, com mais de 568 mil doses, está com entrega prevista para fevereiro. Além dessas, o Ministério da Saúde adquiriu o quantitativo total disponível pelo fabricante para 2024: 5,2 milhões de doses. De acordo com a empresa, a previsão é que sejam entregues ao longo do ano, até dezembro. Para 2025, a pasta já contratou 9 milhões de doses.

O Brasil é o primeiro país do mundo a oferecer o imunizante no sistema público universal. O Ministério da Saúde incorporou a vacina contra a dengue em dezembro de 2023. A inclusão foi analisada de forma célere pela Conitec (Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias no SUS), que recomendou a incorporação. De acordo com o Informe Semanal das Arboviroses Urbanas do Ministério da Saúde, entre as semanas epidemiológicas 1 a 3 deste ano, foram registrados 120.874 casos prováveis e 12 óbitos por dengue. Em 2023, houve notificação de 44.753 casos prováveis e 26 óbitos no Brasil. O documento de acompanhamento do cenário nacional foi uma das iniciativas disponibilizadas para o monitoramento estratégico.

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