Tragédia climática no RS gera ações de solidariedade em Campinas

As fortes chuvas e enchentes que assolam o Rio Grande do Sul geraram uma onda de solidariedade em todo o Brasil, e em Campinas não foi diferente. Os consulados dos dois maiores clubes do futebol gaúcho, Grêmio e Internacional, deixaram a rivalidade de lado e se uniram com o intuito de ajudar as vítimas das chuvas. Além da união dos consulados que representam torcedores dos dois times, diversas outras ações foram divulgadas para ajudar a população do Rio Grande do Sul.

A Secretaria de Assistência Social, Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos de Campinas recebe doações nos pontos de coleta que já fazem parte da Campanha do Agasalho de 2024. Toda a relação pode ser encontrada no site campinas.sp.gov.br/sites/ campanhadoagasalho2024/ postos-de-arrecadacao. As instituições interessadas em receber pontos de coleta devem telefonar para (19) 2116-0165 ou (19) 2116-0281.

A unidade do Poupatempo localizada dentro do Campinas Shopping, na Rua Jacy Teixeira de Camargo, no Jardim do Lago também recebe mantimentos e itens de primeira necessidade para ajudar a população atingida.

MAÇONARIA E POLÍCIA 

Duas lojas maçônicas sediadas em Campinas, bem como o Grande Oriente do Brasil de São Paulo (GOB-SP), estão mobilizando maçons de Campinas e região para prestar ajuda aos desabrigados no Rio Grande do Sul. A Loja Maçônica Independência e a Loja Maçônica Constância decidiram unir esforços para arrecadar alimentos não perecíveis, roupas, cobertores e demais itens essenciais para ajudar as comunidades atingidas.

De acordo com o vice-presidente do Conselho Estadual do GOB-SP, Sinval Durigon, a maçonaria campineira possui um compromisso com o princípio da solidariedade e do auxílio mútuo, valores que também são fundamentais na reconstrução de comunidades em momentos de crise. Por isso, as lojas maçônicas estão empenhadas em colaborar com o Rio Grande do Sul nesse momento de dificuldade, buscando proporcionar condições mais dignas às pessoas afetadas.

O posto de arrecadação da Loja Maçônica Independência fica na Rua Campos Sales, 514, e as doações podem ser feitas de segunda a quinta- feira, das 8h às 17h30. Já a Loja Maçônica Constância recebe itens para ajudar as vítimas na Av. Orosimbo Maia, 280, de terça a quinta-feira, das 9h às 22h.

Enquanto isso, a Polícia Militar de Campinas também está recebendo doações no 1º Batalhão de Ações Especiais de Campinas (BAEP), na Avenida Ipiranga, 60, Ponte Preta, e nos seguintes batalhões: 8º (Rua Luís Gama, 298, Bonfim), 35º (Avenida Washington Luis, 2300, Vila Marieta) e 47º (Rua João Cardoso, 47, Vila Teixeira).

GRENAL SOLIDÁRIO

Segundo Luís Dias Junior, cônsul do Grêmio em Campinas, eles estão recebendo doações de roupas, roupas íntimas, lençóis, cobertores, itens de higiene, materiais de limpeza, alimentos não perecíveis, água e rações para cães e gatos.

“A receptividade dos campineiros têm sido incrível. Eu não tenho palavras para dizer como o povo daqui abraçou a causa. A gente ia mandar tudo via correio aéreo, mas, como o Salgado Filho fechou, nós mudamos de ideia. Agora enviaremos, a princípio, duas carretas que irão pela BR-101, rodovia que já está liberada.”

Ele já morou no bairro Azenha, em Porto Alegre, e diz estar devastado com tudo o que está acontecendo. Junior afirma que a primeira carreta saindo de Campinas deve ter Humaitá como destinado, outro bairro muito atingido da capital gaúcha e onde está localizada a Arena do Grêmio.

Junior finaliza dizendo que “a ideia é manter envios periódicos de ajuda pelo tempo que for necessário e não apenas agora no auge da tragédia”. Para saber como ajudar, basta acessar os perfis dos consulados no Instagram: @gremio_campinas e @coloradoscampinas.

VOOS SUSPENSOS 

A concessionária Fraport Brasil, que administra o Aeroporto Internacional Salgado Filho, emitiu ontem um comunicado informando que todos os voos de partida e chegada ao local estão suspensos até, pelo menos, o dia 30. Além disso, algumas companhias de ônibus também interromperam embarques e vendas de passagens na Rodoviária de Campinas.

De acordo com a Azul, companhia aérea que opera os voos entre as duas cidades, todos os clientes afetados pelas suspensões deverão ficar atentos às comunicações que serão disparadas via e-mail, SMS e WhatsApp. As informações também estarão disponíveis no site e no aplicativo da empresa.

A companhia explicou que oferecerá voos extras para outros aeroportos próximos a Porto Alegre a fim de atender a eventual demanda decorrente da interrupção das operações no Salgado Filho.

Além disso, “demais clientes que possuam reservas para os próximos dias e optem por alterar a sua passagem, voluntariamente, para estes destinos alternativos, poderão realizar a solicitação no mês de maio, de acordo com a disponibilidade, ou solicitar o cancelamento da passagem, deixando o valor em crédito na companhia”, de acordo com a Azul.

Na Rodoviária, de acordo com a CTRC, que administra o local, três empresas operam para a Região Sul. A Viação Catarinense não cancelou nenhuma linha, a Viação Nossa Senhora da Penha está com os embarques cancelados até o próximo dia 13, e a Viação Nordeste, apesar de não ter cancelado nenhuma viagem, está com as vendas de passagens suspensas.

IMPEDIDAS DE VOAR 

A jornalista Letícia Oliveira, que está com viagem programada para Montevidéu, capital do Uruguai, explica que o voo, tanto na ida como na volta, contava com conexão na capital gaúcha. Ela embarcaria amanhã, mas o voo foi adiado e agora será na quinta-feira, dia 9, pela manhã, com conexão em Curitiba.

Ela conta que a volta no sábado continua mantida, mas que o site da empresa ainda indica que a sua conexão acontecerá em Porto Alegre, apesar de tudo. Ela acredita que é porque a mudança na página da internet está “acontecendo aos poucos”.

“Eu já estava monitorando a situação no próprio site da Azul. Eles estão nos atualizando com comunicados. No domingo, eles divulgaram que cancelaram todos os pousos e decolagens até as 23h59 do próximo dia 9. Como meu voo seria no dia 8, eu já sabia que seria afetada. Entrei em contato com a empresa que me vendeu a passagem, expliquei a situação e, como já tinha visto no site da Azul que eles tinham esse voo na quinta de manhã, eu mesma sugeri que a alteração fosse realizada, o que aconteceu nesta segunda de manhã”.

Letícia explica que está apreensiva porque vai viajar sem saber como voltar, uma vez que a sua conexão na volta ainda aparece como Porto Alegre. Ela está temerosa de que até sábado a situação ainda não esteja resolvida.

A também jornalista Fabiana Bonugli vive em Porto Alegre e tem viagem marcada para Campinas no dia 16. A volta está programada para o dia 19. Fabiana afirma não ter recebido nenhum comunicado oficial, mas espera que isso aconteça nos próximos dias, uma vez que o Aeroporto Salgado Filho estará fechado até o final do mês.

Ela esclarece que a sua intenção é de remarcar a viagem, caso essa possibilidade lhe seja oferecida, já que a visita a Campinas não é para um evento específico. “Se me oferecerem a possibilidade de remarcar sem custo adicional, eu vou aceitar. Caso tenha custo, prefiro o reembolso”, comenta Fabiana.

“Neste momento, a minha expectativa é receber uma posição oficial da companhia aérea o quanto antes. Não é, nem de perto, a minha prioridade reagendar essa passagem com tudo o que está acontecendo aqui. Eu tenho conhecidos que perderam tudo, com familiares desaparecidos, mas é uma preocupação que tenho neste momento e espero uma solução.".

SITUAÇÃO NO RIO GRANDE DO SUL

A Defesa Civil do Rio Grande do Sul informou que subiu para 85 o número de mortos em razão das fortes chuvas que atingem o estado, de acordo com o divulgado na manhã desta segunda-feira, dia 6. Mais de 850 mil pessoas foram afetadas pelas chuvas, sendo que 134 pessoas estão desaparecidas. Pelo menos 121.957 pessoas ficaram desalojadas e 19.368 estão em abrigos. Dos 497 municípios gaúchos, 345 sofreram alguma consequência dos temporais.

O nível do Lago Guaíba, às 8h da manhã de ontem, dia 6, era de 5,27 metros, superando a marca de 4,76 metros de altura atingida no ano de 1941, ano em que houve a maior enchente já documentada na capital gaúcha. Os dados são da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA), Serviço Geológico do Brasil (SGB) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Siga o perfil do Correio Popular no Instagram.