ECONOMIA

RMC fecha março com salário médio 12,99% acima do nacional

O mês de março terminou com o salário de R$ 2.351,84 para os trabalhadores admitidos na região; Paulínia tem a maior média, R$ 2.973,26

Edimarcio A. Monteiro/[email protected]
07/05/2024 às 12:29.
Atualizado em 07/05/2024 às 12:38
Observatório PUC-Campinas aponta que construção civil, com R$ 2.887,42, e indústria, R$ 2.720,18, são os dois setores que pagam a maior média salarial inicial na região (Alessandro Torres)

Observatório PUC-Campinas aponta que construção civil, com R$ 2.887,42, e indústria, R$ 2.720,18, são os dois setores que pagam a maior média salarial inicial na região (Alessandro Torres)

A Região Metropolitana de Campinas (RMC) fechou março com um salário médio pago aos trabalhadores admitidos 12,99% superior ao nacional, de acordo com os dados do Observatório PUC-Campinas e do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego. O valor médio de contratação das pessoas que conseguiram emprego com carteira registrada na Grande Campinas foi de R$ 2.351,84, contra os R$ 2.081,50 do nacional, e é superior ao verificado em 25 Estados e no Distrito Federal. O montante configura um empate técnico com a média de R$ 2.361,24 do Estado de São Paulo, que é a maior do país. A diferença é de apenas 0,4%, o que em moeda corrente representa R$ 9,40, o equivalente a duas caixas de leite longa vida.

O Estado com o segundo maior salário inicial é o Rio de Janeiro, com R$ 2.117,63, enquanto o mais baixo é o Acre - R$ 1.631,53. Para a diretora da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH) – Regional Campinas, Lia Ferreira, o valor superior se deve à “especialização exigida na Região Metropolitana e a guerra da mão de obra”. De acordo com ela, a remuneração média mais alta é puxada pelos empregos que exigem maior formação técnica dos trabalhadores, nicho em que é difícil encontrar funcionários para preencher as oportunidades oferecidas e sobram vagas. Com isso, as empresas têm de pagar salários melhores para atrair os interessados.

De acordo com o Observatório PUC-Campinas, os dois setores que hoje pagam a maior média inicial na RMC são a construção civil, com R$ 2.887,42, e a indústria, R$ 2.720,18. Para suprir a falta de mão de obra especializada, as construtoras buscam formar os próprios funcionários com cursos e treinamento constante. Segundo o diretor-regional do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), Márcio Benvenutti, esse déficit de mão de obra também é reflexo das transformações do setor, com novas técnicas, materiais e processo mais industrial.

“A mão de obra, normalmente, é qualificada pelas próprias construtoras. O Sinduscon faz um trabalho muito forte em qualificação. Nós também, em algumas construtoras, organizamos (para) que essa mão de obra seja procurada na cidade e nos próprios bairros onde estão sendo feitas essas obras, porque isso também se transforma em um trabalho social”, disse o dirigente. Funções como pedreiro, carpinteiro, ferreiro e mestre de obras estão entre as que mais estão em falta. “A construção civil atravessa um momento bom e há muitas oportunidades”, afirmou Edgar Rodrigues da Silva, que está desempregado há dois anos e espera conseguir uma vaga de ajudante de obra para voltar ao mercado e ascender profissionalmente.

DIFERENÇAS REGIONAIS

Ontem (06), Edgar Rodrigues saiu do Centro Público de Apoio ao Trabalhador de Campinas (CPAT) com duas entrevistas de emprego marcadas e a esperança de conquistar uma vaga, que também pode ser na área de auxiliar de logística. Nos últimos anos, Edgar Silva trabalhou como jardineiro, recebendo uma remuneração abaixo da média inicial da Região Metropolitana.

Os dados do Observatório PUC mostram que há diferença mesmo dentro da RMC. Maior polo petroquímico da América Latina, Paulínia teve a maior média salarial entre os empregos formais, R$ 2.973.26. Das 20 cidades da Grande Campinas, três municípios tiveram valores inferiores à média nacional: Artur Nogueira (R$ 2.076,66), Holambra (R$ 1.989,33) e Morungaba (R$ 1.889,65). Em Campinas, o valor em março foi de R$ 2.359,47.

Para a responsável pela pesquisa do Observatório PUC, a economista Eliane Navarro Rosandiski, a remuneração média superior na RMC “tende a ser maior em função da complexidade das atividades econômicas aqui instaladas comparativamente à média nacional”. A economia regional é bastante diversificada, com atividades industriais, de serviço, construção civil e comerciais fortes, além de cidades onde predomina a agricultura, como é o caso de Holambra.

Apesar da média inicial maior, os R$ 2.351,84 pagos na Região Metropolitana ainda não repõe os 21,05% de inflação acumulada nos últimos 36 meses encerrados em março, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Levando em conta que nesse mês de 2021 o salário médio era de R$ 2,032,40, o valor atual deveria ser de R$ 2.460,22. De qualquer forma, a recomposição que está ocorrendo e o crescimento na oferta de empregos ajudam a aumentar a renda das famílias e o poder aquisitivo.

“O aumento no número de pessoas empregadas nas famílias e o aumento da média salarial, apesar de o valor não ser tão alto, ajudam na recomposição da renda familiar, abrindo a possibilidade de aumento do consumo. Isso cria condições para que o crescimento da economia decole”, explicou Eliane Rosandiski, que também é professora da PUC-Campinas. No acumulado do primeiro trimestre foram gerados 20.330 novos postos com carteira registrada na RMC, o melhor desempenho em três anos. O resultado é inferior apenas às 23.281 novas vagas de janeiro a março de 2021.

Esse aquecimento do mercado de trabalho faz as pessoas terem uma expectativa positiva quanto a uma recolocação. “Acabei de sair de um emprego, mas já vou atrás de outra oportunidade”, disse o estoquista Manoel José da Silva, que nessa segunda-feira dava entrada no seguro-desemprego. Para ele, que ficou cinco anos em uma tecelagem, o aumento na oferta de vagas torna mais fácil a conquista de uma nova oportunidade.

O aumento da média salarial no Estado de São Paulo acontece em um momento que há crescimento na oferta de emprego. De acordo com a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), a força de trabalho paulista, estimada em 26,4 milhões de pessoas, cresceu 2,3% entre 2022 e 2023, com acréscimo de 593 mil pessoas nesse contingente. O levantamento, que também é feito com base no Novo Caged, mostrou que no primeiro trimestre deste ano houve o saldo positivo de criação de 76.941 novos empregos formais no Estado.

SALÁRIO MÉDIOS DOS ADMITIDOS

NA RMC – MARÇO 2024

Municípios...................................................................Valor (R$)
Americana...................................................................2.113,20
Artur Nogueira ............................................................2.076,66
Campinas ...................................................................2.359,47
Cosmópolis .................................................................2.248,83
Engenheiro Coelho......................................................2.146,54
Holambra ....................................................................1.989,33
Hortolândia .................................................................2.448,84
Indaiatuba ...................................................................2.282,12
Itatiba ..........................................................................2.272,02
Jaguariúna ..................................................................2.723,22
MonteMor ....................................................................2.284,15
Morungaba .................................................................1.889,65
Nova Odessa ..............................................................2.110,70
Paulínia .......................................................................2.973,26
Pedreira .......................................................................2.134,29
Santa Bárbara d'Oeste ................................................2.174,26
Santo Antônio de Posse ..............................................2.645,39
Sumaré ........................................................................2.221,90
Valinhos .......................................................................2.355,55
Vinhedo .......................................................................2.358,60

Fonte: Observatório PUC-Campinas

SALÁRIO MÉDIO DOS ADMITIDOS NA RMC E NOS ESTADOS – MARÇO 2024

Área ..............................................................................Valor (R$)
RegiãoMetropolitana de Campinas .........................2.351,84
Acre ..............................................................................1.631,53
Alagoas .........................................................................1.765,33
Amapá ...........................................................................1.661,12
Amazonas .....................................................................1.860,48
Bahia .............................................................................1.819,13
Ceará .............................................................................1.847,19
Distrito Federal .............................................................2.101,18
Espírito Santo ................................................................1.919,78
Goiás ..............................................................................1.858,36
Maranhão .......................................................................1.828,41
Mato Grosso ...................................................................2.016,50
Mato Grosso do Sul .......................................................1.929,45
Minas Gerais...................................................................1.930,66
Pará ................................................................................1.912,90
Paraíba ...........................................................................1.825,70
Paraná .............................................................................2.035,17
Pernambuco....................................................................1.785,36
Piauí .................................................................................1.696,98
Rio de Janeiro ..................................................................2.117,63
Rio Grande do Norte .......................................................1.695,30
Rio Grande do Sul............................................................1.965,69
Rondônia ..........................................................................1.792,56
Roraima ............................................................................1.627,37
Santa Catarina ..................................................................2.106,49
São Paulo ..........................................................................2.361,24
Sergipe...............................................................................1.702,79
Tocantins ...........................................................................1.758,67

Fontes: Observatório PUC-Campinas e Novo Caged-MTE 

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