Cidade deve superar ainda nesta semana as 65,7 mil infecções ocorridas em 2015, ano da pior epidemia da história do município
As autoridades sanitárias da cidade já previam que o mês de abril seria provavelmente o com maior número de casos da doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti; na última semana, foram 7.851 novos registros (Alessandro Torres)
Campinas está a pouco mais de cinco mil casos de superar a pior epidemia de dengue da história da cidade. Em 2015, o município registrou 65.754 notificações positivas. Na segunda-feira (22), pelo Painel de Monitoramento de Arboviroses, eram 60.710, sendo 3.775 entre crianças de 10 e 14 anos, público apto a tomar a vacina. O número de mortes pela doença, no entanto, ainda representa 50% de todo o ano de 2015. São 11 óbitos em 2024 contra os 22 da epidemia de nove anos atrás.
No período de sete dias, de 15 de abril até na segunda-feira (22), foram 7.851 novos casos. Em uma semana, Campinas registrou mais infecções do que todo o ano de 2013, quando foram 7.030 notificações. A média diária se mantém acima das mil notificações. Com o alto índice de casos desde o início do ano, Campinas decretou no início de março estado de emergência para dengue. A decisão aconteceu no dia 7 de março, após reunião entre o prefeito Dário Saadi (Republicanos) e membros da Secretaria Municipal de Saúde.
As autoridades sanitárias da cidade já previam o pico da doença, transmitida pelo mosquito Aedes aegytpi, para o mês de abril. A semana epidemiológica do dia 31 de março a 6 de abril concentra, até o momento, o maior número de transmissões, com 8.151, sendo 256 ainda aguardando confirmação. Já a semana do dia 7 a 13 de abril, é a terceira com mais casos (7.213, 389 em investigação). A semana entre 17 e 23/03 está em segundo, com 7.652 e 123 aguardando confirmação ou descarte. Os casos são registrados de acordo com a data de início dos sintomas.
MUTIRÃO
No último sábado, agentes de saúde visitaram 4,6 mil imóveis no 12º mutirão realizado pela Prefeitura de Campinas neste ano. A ação ocorreu em 12 bairros no sábado, 20 de abril, e com isso a Administração atingiu a marca de 50,5 mil espaços vistoriados considerando-se somente este tipo de ação realizada aos finais de semana. Os bairros percorridos por cerca de 150 pessoas foram: Jardim Fernanda, Jardim Itaguaçu, Pucamp, Campituba, Jardim Marisa, Vila Palmeiras, Jardim São Domingos, Cidade Singer, Jardim Columbia, Jardim Santa Maria, Jardim São Jorge e Jardim Campo Belo. Foram removidas 1,1 mil toneladas de resíduos durante os trabalhos para limpeza e eliminação de possíveis criadouros do mosquito Aedes aegypti, vetor da doença.
Dos 4.689 imóveis visitados nesta ação mais recente, 53,1% foram trabalhados com remoção de criadouros do mosquito e orientação aos moradores. Já a outra parte estava inacessível por estar fechada, desocupada ou em virtude do impedimento dos moradores. O mutirão de sábado reuniu voluntários e agentes da Saúde, incluindo os trabalhadores da empresa terceirizada Impacto Controle de Pragas, que atuam nas visitas aos imóveis para orientação dos moradores sobre como fazer a limpeza correta e eliminação de criadouros. Além disso, funcionários de Serviços Públicos atuaram para remoção de 1,1 mil toneladas de resíduos, incluindo cata-treco. Foram limpas 27 bocas de lobo no trabalho.
O trabalho foi multissetorial e contou com apoio de profissionais das secretarias de Habitação, Educação, Gestão de Pessoas, Assistência Social, Trabalho e Renda, Desenvolvimento Econômico, Tecnologia e Inovação, Esportes e Lazer, além da Guarda, Defesa Civil, Sanasa, Emdec, Ouvidoria, Ceasa e Camprev.
VACINAÇÃO
A Secretaria de Saúde divulgou na segunda-feira (22) à tarde que aplicou 5.959 doses de vacina contra a dengue no público-alvo, crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, desde o início da campanha, no dia 11 de abril. A primeira remessa de vacinas recebidas por Campinas tinha 18.063 doses. De acordo com a coordenadora do Programa de Imunização, Chaúla Vizelli, a procura tem sido expressiva e ainda há doses em todos os 68 centros de saúde da cidade.
O esquema vacinal recomendado corresponde à administração de duas doses, com intervalo de três meses entre as aplicações. A operacionalização da campanha é uma decisão de cada município que visa a maior efetividade para atingir este público-alvo. Dos 60,7 mil casos confirmados em Campinas, 3.775 (6,2%) foram na faixa etária de 10 a 14 anos, além de um dos onze óbitos já confirmados.
ORIENTAÇÕES
A pessoa que tiver febre deve procurar um centro de saúde imediatamente para diagnóstico clínico. Portanto, a Saúde faz um apelo para que a população não banalize os sintomas e também não realize automedicação, o que pode comprometer a avaliação médica, tratamento e recuperação. Já quem estiver com suspeita de dengue ou doença confirmada e apresentar sinais de tontura, dor abdominal muito forte, vômitos repetidos, suor frio ou sangramentos deve buscar o quanto antes por auxílio em pronto-socorro ou em UPA.
Desde dezembro de 2023 a Secretaria de Saúde já colocou em prática uma série de medidas consideradas adicionais ao planejamento regular de prevenção e combate à dengue. De acordo com a Pasta, as iniciativas começaram a ser copiadas por outros municípios diante do contexto do aumento de casos da doença. O plano inclui Sala de Situação para análise sistemática, reorganização da rede municipal de saúde e novo site para divulgar informações. Outra novidade é o uso de inteligência artificial para ampliar o monitoramento e assistência em saúde aos pacientes com dengue. Toda pessoa diagnosticada ou com suspeita da doença, após atendimento no SUS Municipal, recebe via WhatsApp mensagem disparada pelo chatbot que auxilia a Pasta a acompanhar as condições do paciente. Caso necessário, é feita nova orientação sobre busca por atendimento.
A Prefeitura criou ainda o Grupo de Resposta Unificada (GRU), que envolve todas as áreas com objetivo de agilizar respostas e fiscalizações para as denúncias sobre criadouros.
Estatísticas do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) mostram que 80% dos criadouros do mosquito Aedes aegypti estão nas residências. Portanto, o enfrentamento à epidemia exige esforço compartilhado entre Poder Público e população para eliminar qualquer espaço com água que possa ser usado pelo inseto para proliferação.
A Prefeitura conta ainda com um comitê de prevenção e controle de arboviroses desde 2015, que em 2023 passou a se chamar Comitê Municipal de Enfrentamento das Arboviroses e Zoonoses. Ele reúne 14 secretarias: Governo; Saúde; Educação; Serviços Públicos, Clima, Meio Ambiente e Sustentabilidade; Gestão e Desenvolvimento de Pessoas; Administração; Comunicação; Trabalho e Renda; Esportes e Lazer; Cultura e Turismo; Habitação; Relações Institucionais, e Assistência Social, Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos. Também participam Defesa Civil, Serviço 156, Rede Mário Gatti, Setec e Sanasa.
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