CAMPANHA DE VACINAÇÃO

Medo da dengue leva os jovens aos postos em busca de imunização

Até as 10h40, dez adolescentes foram vacinados na Vila Ipê

Alenita Ramirez/ [email protected]
29/04/2024 às 08:32.
Atualizado em 29/04/2024 às 08:32
Júlia, de 12 anos, esteve no Centro de Saúde da Vila Ipê: "Vou tomar a vacina para me proteger e porque minha mãe pediu" (Kamá Ribeiro)

Júlia, de 12 anos, esteve no Centro de Saúde da Vila Ipê: "Vou tomar a vacina para me proteger e porque minha mãe pediu" (Kamá Ribeiro)

Yasmin Pires Lopes, de 13 anos, enfrentou a dengue aos 5 anos. Apesar da pouca idade na época, ela lembra da forte dor de cabeça e do terrível mal-estar que sentiu. Vincent Fernandes de Arantes, de 14 anos, está preocupado com os quatro colegas da escola que contraíram a doença. Júlia Monteiro de Jesus, de 12 anos, filha de uma servidora pública de 46 anos, mantém-se informada sobre questões de saúde. Apesar de não se conhecerem, os três jovens compartilham um objetivo em comum: se imunizar contra a dengue.

Até o último dia 22, Campinas aplicou 32,9% das doses disponíveis da vacina contra a dengue para crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos. O índice representa 5.959 imunizações desde o início da campanha, em 11 de abril, na cidade. Foram disponibilizadas 18.063 doses, suficientes para atender 19% do público-alvo. A estimativa é de que o município tenha 91,2 mil adolescentes nessa faixa etária.

Segundo o Ministério da Saúde, o esquema vacinal inclui duas doses com intervalo de 90 dias entre elas. "Vou tomar a vacina para me proteger e porque minha mãe pediu", afirmou Júlia, ao lado de sua mãe, Valderes Monteiro da Silva, de 46 anos. "A vacina é segura e é importante que os pais levem os filhos para se vacinarem", disse Valderes.

Júlia foi se vacinar no Centro de Saúde da Vila Ipê, onde mora. Até às 10h40, dez adolescentes haviam sido vacinados no local, um número considerado dentro do esperado, de acordo com funcionários da unidade.

A auxiliar de enfermagem Aneli Palhares, de 65 anos, procurou a vacina contra a covid-19 e também levou seu neto Vincent, preocupado com os quatro amigos com dengue. Segundo o garoto, a prevenção é importante porque a escola onde estuda fica próxima a uma lagoa, área onde seus amigos residem. "Quero me proteger", disse. "Sempre explico a ele sobre a importância de cuidar da saúde e se vacinar. No meu trabalho, vejo muitas pessoas sofrendo com a dengue", completou Aneli.

As doses da vacina contra a dengue estão disponíveis em todos os 68 centros de saúde de Campinas. De acordo com a coordenadora do Programa de Imunização de Campinas, Chaúla Vizelli, a procura está sendo significativa, e há doses disponíveis em todas as unidades. "A vacina foi incorporada ao SUS como parte de uma estratégia para ajudar no controle da doença, reduzindo a incidência, internações e mortes. É importante destacar que o impacto da vacina será maior a longo prazo e, neste momento, é essencial manter todas as medidas de controle", enfatizou.

MUTIRÃO

Na última sexta-feira, Campinas ultrapassou os casos de dengue de 2015, enfrentando a pior epidemia desde 1998. Desde janeiro até o dia 26, a cidade já contabilizou 65.808 casos confirmados e 14 mortes, com três novos óbitos confirmados nesta semana.

Para combater a doença, a prefeitura realizou no sábado o 13º mutirão na região do Jardim Aurélia. Agentes de saúde e voluntários percorreram residências e estabelecimentos comerciais nos bairros Jardim Pacaembu, Jardim Interlagos, Vila Proost de Souza e Jardim Magnólia. A ação teve como ponto de encontro o Centro de Educação Infantil (CEI) Benjamin Constant, no Jardim do Vovô.

Em busca de criadouros do mosquito, as equipes utilizaram drones para identificar piscinas e caixas d'água em imóveis desocupados ou abandonados.

SUMARÉ

Em Sumaré, a Secretaria Municipal de Saúde confirmou no sábado a primeira morte por dengue na cidade este ano. Com esta confirmação, o número de vítimas na Região Metropolitana de Campinas (RMC) chega a 28. Campinas lidera com 14 mortes, seguida por Santo Antônio de Posse com quatro óbitos. A vítima de Sumaré era um homem de 63 anos, com comorbidades, que teve o óbito confirmado em 8 de abril.

O homem vivia na região do Jardim Picerno, na divisa com Nova Odessa, e estava internado no Hospital Municipal da cidade vizinha. Os exames revelaram que ele foi infectado pelo sorotipo 2 da dengue, considerado mais propenso a causar casos graves da doença. "O caso estava sendo investigado pela Vigilância Epidemiológica de Nova Odessa, pois a família havia registrado o paciente como morador do município. Durante a visita, descobriu-se que ele era residente de Sumaré", informou a Prefeitura de Sumaré em nota.

Até sábado, Sumaré registrava 2.463 casos confirmados de dengue e outros 397 em investigação. Outra morte de um morador da cidade ainda está sendo apurada.

GRIPE

No sábado, 14 postos de saúde abriram para fazer, também, a imunização da gripe. A vacina contra gripe é direcionada para pessoas que possuem algum tipo de comorbidade, maiores de 60 anos, gestantes, puérperas, trabalhadores da área de saúde, da área de educação, motoristas, crianças na faixa entre seis meses e cinco anos entre outros.

Este público-alvo total é estimado em 478,2 mil e a meta da Saúde é imunizar 90% de cada um da lista. De acordo com a prefeitura, entre 25 de março e 22 de abril foram aplicadas 117,5 mil doses.

O aposentado Ailson Carnieri, de 70 anos, foi um dos idosos que foram no CS da Vila Ipê tomar vacina. Segundo ele, todo o ano faz questão de se imunizar para se proteger. "Acho muito importante tomar a vacina da gripe e aconselho a todos a fazer o mesmo", disse.

Henrique Simono levou o filho Arthur de 8 anos para tomar a dose contra a gripe. O garoto é autista e desde criança toma a vacina de gripe. "Ele tem um organismo muito resistente e raramente fica doente. Acho que nunca teve gripe", disse o pai.

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